Características da lagarta-rosca
Existe um complexo de lagartas da ordem Lepidoptera que tem por nome comum “lagarta-rosca” pelo fato de se encurvarem ao se sentirem ameaçadas ou quando estão em repouso.
Entretanto, dentre as várias espécies existentes, Agrotis ipsilon é a principal causadora de danos em diversas culturas por ser polífaga.
Ela tem causado uma tensão maior aos produtores de culturas como feijão, algodão, milho e soja.
É da família Noctuidae e tem hábitos noturnos. Durante o dia, as lagartas permanecem sob uma pequena profundidade do solo e, durante a noite, atacam as plantas.
As lagartas têm coloração marrom, podendo também variar para o cinza, com linhas ao longo do corpo e tubérculos nos segmentos. Nos últimos ínstares, podem chegar a 50 mm de comprimento.
Após o período larval, a pupa é formada e se aloja no solo para desenvolvimento do adulto.
O adulto é uma mariposa de coloração variável, sendo as asas anteriores marrom ou cinza e as posteriores mais claras. A envergadura vai de 35 mm a 50 mm e comprimento de 20 mm.
A fêmea pode colocar cerca de 1.000 ovos, podendo ser depositados sobre folhas, hastes ou também no solo.
O ciclo biológico dessa praga varia de 34 a 64 dias, dependendo das condições climáticas da região.
Os períodos de cada fase de desenvolvimento variam de acordo com a temperatura e, geralmente, são de 4 dias como ovo, de 20 a 40 dias como larva e de 10 a 20 dias como pupa.
Danos causados às lavouras
Os ataques da lagarta-rosca ocorrem na fase inicial, desde a emergência das plântulas até o início do florescimento, o que pode comprometer o estabelecimento da cultura.
Quando o solo está mais úmido e tem maior deposição de matéria orgânica, os danos se intensificam devido à preferência da praga por este tipo de ambiente.
Lagartas menores se alimentam das folhas mais próximas ao solo e de outras plantas hospedeiras próximas à cultura, como as plantas daninhas.
Associadas a essas plantas hospedeiras alternativas, as lagartas aumentam o potencial de causar maiores danos por conseguirem ambientes propícios para se manterem por mais tempo na área.
Um período bastante crítico é quando as lagartas maiores cortam as plântulas rente ao nível do solo. Uma única lagarta é capaz de seccionar várias plantas em uma noite.
Em plantas mais desenvolvidas, as lagartas abrem galerias na base dos colmos. Esse hábito favorece o tombamento, o sintoma de coração morto e também pode levar a morte das plantas.
Como fazer o manejo da lagarta-rosca
Como o hábito dessa lagarta é noturno e durante o dia permanece sob o solo, táticas e métodos do Manejo Integrado de Pragas (MIP) contribuirão para o controle da população.
O histórico da área deve ser analisado para que você saiba tomar as decisões corretas. Um bom manejo começa com um bom planejamento.
Um software agrícola pode lhe ajudar a monitorar a incidência da praga na lavoura para decidir o momento certo de entrar com medidas de controle.
Controle cultural
Sendo uma praga polífaga, a presença da lagarta-rosca na safra anterior já é motivo de alarde.
Por isso, é importante que você faça um bom preparo do solo e elimine antecipadamente as plantas hospedeiras.
Como os insetos ficam durante o dia sob o solo, um manejo com rolagem rolo-faca irá contribuir para reduzir a população que estiver na área.
Outro ponto ideal é evitar cobertura morta e restos culturais para que a lagarta-rosca não tenha ambiente favorável para se manter até a chegada na nova safra.
Controle químico
Existem algumas formas de utilizar o controle químico para lagarta-rosca.
A primeira delas é fazer o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos para garantir a emergência e estabelecimento da cultura.
Outra maneira seria por meio das iscas tóxicas à base de farelo de trigo, açúcar, água e inseticida (piretroide ou carbamato). A aplicação deve ser distribuída na lavoura como grânulos no final da tarde.
Além dessas, a forma convencional com aplicação de inseticidas pode ser realizada, mas deve ser feita no final do dia, bem próximo da base das plantas.
O registro dos inseticidas para controle de lagarta-rosca deve ser consultado no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Agrofit. Por isso, é importante que você consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para melhores detalhamentos de acordo com a sua cultura.
Controle biológico
O controle biológico das lagartas pode ocorrer de maneira natural na lavoura, com inimigos naturais como microimenopteros, dípteros e entomopatógenos.
Desta maneira, é importante que você utilize inseticidas de maneira seletiva para evitar que os organismos benéficos sejam eliminados da área.
A seletividade de inseticidas usada pode ser ecológica e fisiológica. Ecológica com o uso dos produtos em horários mais favoráveis para atingir a praga e fisiológica com o uso de inseticidas pouco tóxicos aos organismos benéficos.
Conclusão
A lagarta-rosca é uma praga que tem causado danos em muitas culturas nos últimos anos como feijão, milho, soja e algodão.
Tem hábito noturno e se aloja sob a terra no período do dia, por isso existe uma dificuldade de controle.
Os danos causados podem levar à morte da lavoura se a praga não for detectada a tempo.
Existem formas de controlar a lagarta-rosca, sendo os principais controles cultural, químico e biológico (naturalmente).