Entre 2 e 4% de retorno financeiro ao mês com uma taxa de lotação que pode subir de 0,6 arroba por hectare/ano para até 20@/ha ano. Conforme apontou ao Giro do Boi desta terça, 22, o médico veterinário Rosendo Machado Lopes, especialista em nutrição e produção de ruminantes, são estes impactos positivos que o pecuarista pode ter a partir da intensificação de suplementação, do semiconfinamento à TIP – terminação intensiva pasto – ou piquetão.
“Ele tira o boi da cabeça quando ele faz o semiconfinamento. A modalidade tem crescido. Na verdade, as estratégias de suplementação têm crescido bastante, desde a suplementação estratégica numa recria com o proteico e proteico energético, e o semiconfinamento na terminação. Além de melhorar o ganho médio diário, aqui para nós no Nordeste – e no Brasil, de uma forma geral – a gente tem uma economia de pasto pelo efeito substitutivo, o que nos permite aumentar a lotação da fazenda em arrobas produzidas por hectare ao ano. Tem crescido, sim, e digo que era uma estratégia de uma maneira geral até para o Brasil no período seco, mas que agora a gente tem usado o ano todo em algumas propriedades, ultrapassando até o nível daquele semiconfinamento convencional, de 0,8 a 1,2% do peso vivo, até 2%, que é para a TIP – terminação intensiva a pasto -, o piquetão, como queira chamar”, revelou o supervisor técnico comercial da DSM.
Lopes detalhou a viabilidade de implementação do sistema produtivo e quais as variáveis para serem controladas para o pecuarista obter um resultado financeiro compatível com seu investimento. “O resumo da ópera é que é viável, que devemos utilizar esta estratégia, mas demanda planejamento. A gente deve fazer uma recria bem feita, aproveitar a janela de compra dos grãos para que a gente possa produzir uma ração num preço mais barato, não fique vulnerável às oscilações de mercado e tenha sempre um pasto de boa qualidade”, salientou.
“Entenda-se que este pasto de boa qualidade de acordo com a estação do ano. A gente sempre deve procurar ter este melhor pasto, em que a gente tenha uma boa oferta de massa e uma massa de melhor qualidade, que a gente tenha uma proporção maior de folha e que isso vai melhorar o seu resultado financeiro”, explicou.
Rosendo fez análise de cenário para projetar o resultado financeiro do pecuarista numa operação hipotética. “A gente vê que são extraordinários os ganhos que o semiconfinamento permite para uma propriedade, independente do tamanho dela. Uma pequena pode se tornar uma grande propriedade quando você tem importação desses alimentos para colocar no sistema. […] Na média, a gente vai trabalhar de 2% a 4% ao mês que o semiconfinamento tem dado (de retorno financeiro) para os nossos amigos pecuaristas”, calculou o veterinário.
O especialista ressaltou que, entretanto, o produtor e sua fazenda devem estar preparados para intensificar a recria e engorda por aumento dos níveis de suplementação. “As estratégias de suplementação entram como um dos pilares para que a gente melhore o resultado operacional da propriedade. Então é uma ferramenta de pronto uso que está disponível para qualquer pecuarista, como você falou. Do pequeno ao grande, se faz necessária para que a gente melhore aquela linha de baixo, como a gente fala, o lucro. O que vai sobrar para o pecuarista. A suplementação entra na veia melhorando os indicadores zootécnicos e, por consequência, os econômicos. […] As palavras de ordem são planejamento, planejamento e gestão, gestão. […] Então você vai ficar muito mais blindado a estas variáveis do mercado. E o nosso trabalho é esse, a gente tem que focar em produzir carne, então são as arrobas produzidas por hectare ao ano que vão determinar a nossa rentabilidade. E isto está alicerçado num bom planejamento e numa boa gestão”, concluiu.