No Brasil, mais de 90% da engorda dos animais vem de sistema a pasto. Esse processo possui como principal desafio a estacionalidade da produção das forrageiras, isto é, elevada variação da disponibilidade de pastagens em quantidade e qualidade.
Esse fato pode gerar o famoso “efeito sanfona”, no qual os animais engordam na época das chuvas e emagrecem na época da seca.
Dessa forma, é essencial planejar estratégias de manejo nutricional a fim de evitar a queda do desempenho e o abate tardio dos animais, a Terminação Intensiva a Pasto (TIP) pode ser uma dessas estratégias.
Confira a seguir como funciona essa modalidade de terminação e quais são os pontos importantes e as suas principais vantagens.
O que é a terminação intensiva a pasto (TIP)?
A Terminação Intensiva a Pasto, conhecida também por sua sigla TIP, é uma modalidade de terminação que traz a aplicação dos conceitos do confinamento e aumenta a capacidade de lotação dos pastos.
Essa técnica consiste em fornecer suplementação na forma de ração, suprindo as exigências nutricionais dos bovinos, não atendidas pela pastagem. O objetivo dessa técnica é promover a terminação toda a pasto, sem a necessidade da construção de um confinamento.
O bovino irá comer a mesma quantidade de ração no pasto como se estivesse confinado. A forrageira, no entanto, será a fonte de alimento volumoso, reduzindo os custos operacionais advindos do fornecimento desse alimento.
A TIP promove por meio do suplemento, o fornecimento de proteína, energia e mineral exigido para a fase de terminação, tendo o pasto como fonte de fibra para a manutenção da saúde ruminal.
Os bovinos recebem até 2% de seu peso vivo em ração concentrada objetivando a deposição de gordura na carcaça, dessa forma a TIP incrementa os níveis de produção, ganho de peso por animal, rendimento de carcaça e peso por área. Além disso, a TIP é de fácil adaptação pelos animais, eleva o bem estar e pode ser feita o ano todo.
Pontos importantes para implementação da TIP
A terminação intensiva a pasto é um sistema de suplementação e, por isso, é importante ficar atento ao consumo e ao ganho de peso dos animais – mensurar tais índices é essencial para o sucesso da TIP.
Outro ponto importante é o dimensionamento correto dos cochos. Uma dica é trabalhar com cerca de 30 a 40 cm lineares por unidade animal (450 kg). O ajuste da lotação no pasto também deve ser feito, apesar de elevar a taxa de lotação, a adequação do número de animais ao que o pasto suporta é fundamental para a TIP.
O fornecimento de água em quantidade e qualidade adequada é essencial para o sucesso da TIP na fazenda, afinal a ingestão de água está diretamente relacionada com o consumo de matéria seca.
Além disso, é imprescindível respeitar o horário de fornecimento do suplemento: mudanças na rotina do fornecimento podem mudar o comportamento ingestivo dos animais, refletindo negativamente no desempenho.
É importante realizar a adaptação dos animais à dieta, sempre iniciando o fornecimento com uma quantidade menor, aumentando gradativamente até fechar o total a ser fornecido. A avaliação do escore de condição corporal dos bovinos (ECC), associada à leitura do escore de fezes pode auxiliar no processo de adaptação.
Por último mas não menos importante, o correto dimensionamento, manejo e diferimento do pasto é fundamental para uma boa terminação intensiva. Dessa forma, há uma garantia de uma boa oferta de forragem no período seco do ano.
Vantagens da terminação de bovinos a pasto
Dentre as principais vantagens, podemos destacar que o sistema intensivo de terminação está, diretamente, relacionado à sustentabilidade da pecuária, afinal permite produzir uma maior quantidade de carne em uma menor área de terra.
Já pelo lado financeiro, a estratégia de terminar bovinos a pasto elimina os custos com a construção de um confinamento e reduz custos com maquinário.
Além disso, com esse sistema é possível alcançar melhor conversão dos animais, redução de perdas e maior velocidade na terminação do rebanho, aumentando a rentabilidade econômica do pecuarista.
Conclusão
A Terminação Intensiva de Bovinos a pasto, quando bem estruturada, pode ser uma excelente alternativa para o produtor que não pode investir em um confinamento.
Fonte: Rehagro