Os tipos de pastagem influenciam na produtividade?
Em poucas palavras, podemos dizer que sim — as pastagens influenciam bastante na produtividade, já que podem garantir a boa formação dos bovinos. Ainda assim, resta saber como isso acontece e quais são os fatores mais importantes na hora de estabelecer o seu pasto. No próximo tópico, explicaremos como fazer o preparo do pasto.
Como preparar o pasto?
O primeiro passo a ser dado é a escolha da espécie forrageira — é fundamental escolher uma que o boi gosta de comer. A boa notícia é que existem inúmeras alternativas no mercado.
Feito isso, o preparo do solo se torna uma prioridade, tendo em vista que a semeadura e o primeiro pastejo merecem muita atenção e cuidado. Caso contrário, o pasto dificilmente se estabelecerá da maneira ideal.
Ainda sobre a escolha da espécie, é preciso levar estes critérios em consideração antes de concretizá-la:
- o objetivo do sistema de produção (de corte ou leiteiro);
- o orçamento para investir;
- a mão de obra disponível;
- o clima da região;
- a qualidade do solo;
- como será utilizada a forrageira.
O preparo do solo, por sua vez, demanda uma atenção especial para receber bem a semente. Antes de tudo, retire a vegetação indesejada. Depois, faça uma análise detalhada para saber se é necessário ou não utilizar corretivos para a terra. Não se esqueça de:
- arar;
- gradear;
- proteger o solo de erosões;
- promover a distribuição de nutrientes como calcário, fósforo, nitrogênio e potássio;
- controlar os insetos e pragas;
- cuidar da umidade do solo.
Também é válido ressaltar que as sementes utilizadas precisaram ser da melhor qualidade possível, ou seja, saudáveis, livres de contaminação e vigorosas. Na hora de plantá-las, coloque-as entre 3 e 5 centímetros de profundidade. Dependendo de suas necessidades, é possível semear de formas distintas:
- a lanço;
- plantio direto;
- em sulcos.
Qual o tipo de pastagem ideal para cada criação?
Produção de corte
Em linhas gerais, os bovinos preferem forrageiras com muitas folhas e poucos colmos, porque são as folhas que os mantêm alimentados. As forrageiras mais apreciadas são:
- paiaguás;
- piatã;
- marandu;
- decumbens;
- humidícola;
- xaraés.
Na família dos panicuns (Mombaça, Massai, Zuri e Tanzânia), o capim Tanzânia é o preferido dos bois, porque, apesar dos colmos grossos, ele não é uma vegetação tão fibrosa, tem boa proporção de folhas, é facilmente digerida e contém valores significativos de proteína.
Essa conjunção de fatores faz dele ideal para o crescimento e ganho de peso do boi, sendo uma das melhores escolhas para o gado de corte. Ela tem alta capacidade de suporte, mas precisa de solos muito férteis para se desenvolver bem. Outro ponto extremamente positivo é que ele produz muitas sementes, além de ser resistente a algumas pragas, como a cigarrinha-das-pastagens — que é um verdadeiro terror para muitos produtores rurais do Brasil.
Lembre-se de que, embora possa não parecer, os animais são seletivos. Isso quer dizer que eles avaliam os alimentos e pegam os capins que são mais fáceis de arrancar. Portanto, quanto mais grosso o colmo, mais difícil de mastigar.
Produção leiteira
Na produção leiteira, os grupos de espécies mais indicados são:
- panicum;
- braquiária;
- cynodon.
A alimentação de gados leiteiros precisa de alguns cuidados extras, que estão relacionados, em grande parte, ao clima. Em entrevista à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o pesquisador Claudio Lazzarotto alerta para a necessidade de ver o que combina melhor com as características da propriedade. Muitas vezes, a espécie ideal acaba não se ajustando ao solo.
Em relação à temperatura, Lazzarotto diz que, no calor excessivo, os animais só se alimentam durante a noite e no amanhecer. Porém, quando há um espaço com sombra disponível na pastagem, a tendência é que comam muito mais, suprindo suas carências nutritivas e se tornando mais produtivos.
Entre as espécies de capim mais recomendadas para a produção leiteira, cabe destacar a BRS Kurumi, que pode chegar a 18% de proteína, enquanto a maioria dos capins fica entre 12% e 14%. Assim, diminui a necessidade de fornecer alimentos energéticos, como o milho. Nesse caso, também é desnecessário alimentar os animais por meio de ração.
Como realizar o manejo estratégico da pastagem?
Como dissemos no início do texto, o manejo estratégico da pastagem está totalmente ligado a uma boa escolha de forrageira. Afinal, toda a produtividade pecuária tem relação direta com:
- o seu potencial;
- a adaptabilidade ao ecossistema;
- o manejo adotado.
Portanto, atribua as áreas mais férteis de sua fazenda às forrageiras mais exigentes e produtivas, como:
- Capins: Elefante, Tanzânia, Tifton e Mombaça.
- Leguminosas: Soja perene, Leucena.
Essa noção se aplica às forrageiras com média e baixa exigência nutricional, que precisam de solos medianos ou pobres, respectivamente. Caso você precise plantar forrageiras exigentes em partes não tão boas de terra, saiba que a adubação da pastagem se torna uma etapa imprescindível. Do contrário, a produtividade cairá significativamente e o capim será degradado.
Também é importante verificar a adaptação do solo à umidade, bem como sua capacidade de cobertura. Áreas sujeitas a alagamentos são melhor aproveitadas com estes capins:
- braquiária-de-brejo;
- capim-bengo;
- humidicola.
Para manter um bom manejo de suas pastagens, mantenha o equilíbrio entre a taxa de lotação e a taxa de acúmulo de massa forrageira. Ou seja, fique de olho na relação entre quantidade e qualidade que caracteriza a oferta de forragem.
A variação do número de cabeças em sua propriedade ao longo das estações também deve ser observada de perto, assim como a variação na taxa de crescimento da forrageira.
Enfim, existem muitos tipos de pastagem e cada um deles responde de maneira distinta ao solo e ao ecossistema ao qual têm que se adaptar. Capriche bem na sua escolha para aumentar a produtividade!
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