Você já entrou na lavoura e notou alguma coisa errada, como folhas comidas e plantas tombadas?
Ao ver esses danos, você já sabia qual era a praga e como controlar?
É comum não reconhecer o inseto, ou não saber o melhor controle para combatê-lo.
A pré-safra é o momento ideal para conhecer um pouco mais sobre essas pragas, e melhorar seu diagnóstico da lavoura.
Assim você evita perdas de produção.
E olha que pragas podem causar muitas perdas! No milho pode chegar até a 91%!
Tanto na cultura do milho como na de sorgo vamos ter pragas no início do ciclo. São aquelas pragas que você nem bem semeou a cultura e já estão dando trabalho!
Agora confira as principais pragas iniciais e como combatê-las:
1. Corós
Os corós estão presentes nas lavouras de milho e de sorgo, com maior ocorrência nos meses de outubro, novembro e dezembro.
As larvas se alimentam do sistema radicular das plantas, o que gera falhas nas linhas de plantio.
O principal manejo é com inseticidas, mas você pode realizar outras técnicas que colaboram para o manejo.
As principais técnicas que auxiliam na redução dos níveis populacionais dos corós são:
- preparo antecipado da área;
- eliminação de hospedeiros alternativos e plantas voluntárias (como plantas daninhas);
- destruição dos restos de cultura após a colheita.
2. Larva-arame
A larva-arame (Conoderus spp., Melanotus spp.) ataca as sementes após a semeadura e o sistema radicular da planta.
Já adianto que essa praga também pode ser encontrada na cultura do sorgo.
Seu controle pode ser feito pelo tratamento com inseticidas fosforados sistêmicos, registrados para as culturas.
Mas também, pode ser feito através de uma boa drenagem da camada agricultável do solo, pois força a larva a aprofundar-se, reduzindo o dano no sistema radicular.
A rotação de culturas também é eficaz para redução dos níveis populacionais;
3. Lagarta-rosca
As lagartas reduzem o número de plantas por metro linear, uma vez que cortam as plantas rentes ao solo.
Mais uma dica aqui: essa praga também é encontrada na cultura do feijão!
Para o controle dessa praga é importante fazer o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.
Também é fundamental a eliminação antecipada de plantas invasoras, já que as mariposas preferem ovipositar em plantas ou restos culturais ainda verdes.
4. Lagarta-elasmo
Essa praga causa prejuízos entre os estádios V1 e V8, aproximadamente.
A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) também está presente nas culturas do sorgo e do feijão.
A ocorrência dessa praga está associada à períodos de estiagem no início da cultura.
Além disso, fique mais atento a áreas de solo arenosos e com palha, que podem favorecer a praga.
5. Larva alfinete
A larva-alfinete (Diabrotica speciosa) tem grande importância na cultura do milho, estando presente também na cultura do sorgo.
Esse inseto ataca o sistema radicular, o que deixa a planta mais suscetível ao acamamento, o que provoca o sintoma conhecido por “pescoço de ganso”.
Na fase adulta, o inseto alimenta-se de muitas culturas como por exemplo o feijão e a soja, mas para colocar seus ovos preferem gramíneas como o milho e o sorgo.
As principais medidas de controle para larva-alfinete são: eliminação de restos culturais; uso de inseticidas granulados ou em pulverização no sulco de plantio.
O controle biológico com os fungos Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinus.
O controle biológico é uma ótima alternativa e pode ser utilizado em conjunto com o método químico.
6. Lagarta-do-cartucho
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das principais pragas do milho, causando grandes perdas, e também encontradas na cultura do sorgo.
A lagarta-do-cartucho penetra no colmo, criando galerias, o que provoca um sintoma conhecido por “coração morto”, que ocorre por causo do dano no ponto de crescimento da planta.
Essa lagarta pode causar redução de rendimento de 17 a 55,6%.
A principal forma de controle da lagarta-do-cartucho é através da aplicação de inseticidas.
Mas existe também um importante inimigo natural dessa praga, a “tesourinha” (Doru luteipes), que preda ovos e lagartas pequenas.
A lagarta-do-cartucho pode também atacar as espigas causando grandes danos.
7. Lagarta-da-espiga do milho
A lagarta-da-espiga do milho (Helicoverpa zea) é outra importante praga do milho que também ataca o sorgo.
O controle químico através de inseticidas para o manejo de lagarta-da-espiga não é muito eficiente, já que a larva está protegida na espiga.
Uma das alternativas para o manejo é o controle biológico, com o uso de parasitoides e predadores, como a tesourinha (Doru luteipes).
A tesourinha deposita seus ovos nas camadas de palha da espiga e tanto a forma jovem quanto os adultos se alimentam dos ovos e das pequenas larvas da praga.
Uma tesourinha pode consumir aproximadamente 42 ovos por dia .
Os ovos da lagarta-da-espiga também podem ser parasitados por Trichogramma, sendo outra forma eficiente de controle biológico.
8. Broca-da-cana
A broca-da-cana (Diatraea saccharalis) está presente na cultura do milho e sorgo, atacando desde V6 até o final do ciclo.
Segundo a Embrapa, o controle pode ser feito do mesmo modo como é feito em cana-de-açúcar, através da liberação do parasitoide de ovos Trichogramma spp. ou através do parasitóide de larva, a vespa Cotesia flavipes.
9.Pulgão
Os maiores danos do pulgão no milho (Rhopalosiphum maidis) são vistos durante o seu pendoamento, sendo também presente na cultura do sorgo.
Os danos mais expressivos são observados em altas infestações, especialmente quando as culturas estão em estresse hídrico, ou ainda quando há fonte de inóculo nas proximidades.
No caso do sorgo há ainda uma outra espécie conhecida por pulgão-verde (Schizaphis graminum), infestando a cultura desde a emergência das plantas até a maturação dos grãos.
O inseto suga seiva das folhas e introduzem toxinas que provocam bronzeamento e morte da área afetada.
Ainda pode transmitir o vírus do mosaico da cana-de-açúcar, o que causa muitos danos ao sorgo.
O controle pode ser feito naturalmente pela chuva e inimigos naturais.
No entanto, você pode evitar a infestação pelo tratamento de sementes ou do solo com inseticidas sistêmicos seletivos aos inimigos naturais.
10. Percevejos
Os percevejos no milho podem atacar de forma severa no início da cultura.
No entanto, esses insetos também se alimentam dos grãos em enchimento.
Isso pode causar danos econômicos elevados, reduzindo, segundo Embrapa, até 59,5% do peso dos grãos e mais de 98% na germinação e vigor das sementes.
Os percevejos estão muito presentes no final do ciclo da soja e após a colheita eles buscam fontes alternativas de alimento, como as plantas daninhas.
Por isso, um dos principais manejos para esta praga é iniciar o plantio no limpo,.
A boa dessecação antecipada irá ajudar a reduzir a população de percevejos na área.
As duas principais espécies são o Percevejo Marrom e o Percevejo Barriga Verde.
As principais medidas para o manejo são o tratamento de sementes e o monitoramento da área.
Segundo Kaminski (2014), se houver infestação elevada até V3 deve ser feito o controle, pois os danos podem ser desastrosos.
Espécies de percevejo marrom já foram relatados com resistência a inseticidas.
Na cultura do sorgo os percevejos atacam as panículas. No caso, há dois grupos principais:
- Percevejos grandes: percevejo-gaúcho (Leptoglossus zonatus), percevejo-verde (Nezara viridula) e percevejo-pardo (Thyanta perditor);
- Percevejos pequenos: percevejo-do-sorgo (Sthenaridea carmelitana) e percevejo-chupador-do-arroz (Oebalus spp.).
O controle pode ser biológico, feito por parasitóides de ovos.
Já o controle químico é limitado pela dificuldade de entrar com o trator no campo.
É recomendado utilizar pulverização aérea quando o monitoramento indicar 1 percevejo a cada 10 plantas.
O controle dos percevejos pode ser feito com inseticidas fosforados ou carbamatos.
11. Helicoverpa armigera
Por fim, não podemos deixar de falar da Helicoverpa armigera.
Essa praga causou grande preocupação entre os produtores de soja, milho e algodão.
Seu principal controle é através do manejo integrado de pragas, utilizando cultivares geneticamente modificadas que expressam a toxina Bt, inseticidas biológicos e químicos, que sejam seletivos aos inimigos naturais.
Medidas gerais de controle de pragas
É claro que as pragas tem suas particularidades, e você já viu sobre elas ao decorrer do texto.
Mas há medidas fundamentais para combater todas essas pragas:
1) histórico e monitoramento das pragas na área;
2) rotação de culturas;
3) dessecação antecipada;
4) tratamento de sementes;
5) escolha da tecnologia Bt (no Brasil possível para as culturas de milho, algodão e soja).