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A Diferenciação entre Ureia Convencional e Amireia: Muito Além do Fornecimento de Nitrogênio ao Rúmen

Autora: Maria Laura Rodrigues Gomes

Introdução

A suplementação nitrogenada é uma prática consolidada na pecuária, visando melhorar a digestibilidade da fibra e promover o crescimento animal. Tradicionalmente, a ureia convencional tem sido utilizada como fonte de nitrogênio não proteico (NNP) para os microrganismos ruminais. Contudo, avanços tecnológicos resultaram no desenvolvimento de produtos como a Amireia, que apresentam características diferenciadas e oferecem melhorias adicionais na nutrição animal. Assumir que ambas as substâncias desempenham a mesma função é uma simplificação que desconsidera as particularidades metabólicas e os benefícios distintos da Amireia para o desempenho produtivo dos ruminantes.

Histórico do Desenvolvimento da Amireia

Os pesquisadores da Universidade de Kansas (EUA) desenvolveram, no início da década de 1970, um produto chamado “Starea”. A “Starea” é um produto extrusado à base de amido de milho e ureia, criado com o objetivo de melhorar a utilização da ureia na alimentação animal. Esse conceito revolucionou a suplementação nitrogenada, ao promover uma liberação controlada de nitrogênio, reduzindo perdas e aumentando a eficiência alimentar. No Brasil, a tecnologia evoluiu para a Amireia, um produto aprimorado e adaptado às condições da pecuária nacional, oferecendo benefícios ainda mais expressivos.

Ureia Convencional na Pecuária

A ureia convencional é reconhecida por fornecer nitrogênio de rápida disponibilidade aos microrganismos do rúmen, que a convertem em amônia para a síntese de proteína microbiana. No entanto, essa liberação rápida pode resultar em desperdício de nitrogênio quando o suprimento excede a capacidade de absorção e utilização dos microrganismos ruminais. Esse fenômeno pode elevar os níveis de amônia no sangue, causando possíveis toxicidades ruminais e ineficiência na conversão alimentar.

Amireia: Uma Tecnologia Avançada

Diferentemente da ureia convencional, a Amireia é obtida por meio do processo de extrusão de amido com ureia, resultando em uma liberação mais controlada de nitrogênio no rúmen. Esse processo proporciona uma degradação mais gradual, permitindo um melhor sincronismo entre a disponibilização de energia e proteína para os microrganismos ruminais. Como consequência, a Amireia reduz perdas de nitrogênio por excreção e melhora a eficiência de utilização do nitrogênio ingerido.

Comparação das Funções: Além do Nitrogênio

Se a função principal da ureia e da Amireia fosse apenas fornecer nitrogênio ao rúmen, não haveria justificativa para o uso da Amireia. No entanto, estudos demonstram que este produto possui um papel mais abrangente, promovendo uma sinergia entre a liberação de nitrogênio e carboidratos, reduzindo riscos de intoxicação e maximizando a conversão alimentar.

Pesquisas indicam que a Amireia melhora significativamente a digestibilidade da fibra, promove maior estabilidade ruminal e aumenta a eficiência alimentar quando comparada à ureia convencional. A absorção do nitrogênio ocorre de maneira mais equilibrada, reduzindo os picos de amônia no rúmen e otimizando o aproveitamento nutricional pelos microrganismos. Como resultado, os animais apresentam maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e redução nos custos com suplementação proteica.

Análise Econômica e Viabilidade Financeira

Do ponto de vista econômico, a Amireia demonstra superioridade. Considerando um sistema de engorda a pasto, onde a ureia convencional pode resultar em perdas significativas de nitrogênio fornecido, a Amireia apresenta uma taxa de aproveitamento superior, traduzindo-se em economia substancial.

Por exemplo, um pecuarista que fornece 100 kg de ureia convencional por mês, com uma taxa de desperdício de 40%, aproveita efetivamente apenas 60 kg. Com a Amireia, mesmo com um custo inicial mais elevado, o aproveitamento é superior, resultando em maior eficiência econômica a longo prazo.

Além disso, a maior eficiência alimentar obtida com a Amireia pode resultar em menor tempo para atingir o peso de abate, reduzindo custos com alimentação e aumentando a lucratividade da propriedade.

Impacto Ambiental e Sustentabilidade

Outro aspecto relevante é o impacto ambiental. A liberação excessiva de nitrogênio no ambiente, devido ao uso ineficiente da ureia convencional, pode contribuir para a contaminação de corpos d’água e aumento da emissão de gases de efeito estufa. A Amireia, ao garantir um melhor aproveitamento do nitrogênio ingerido, reduz as perdas ambientais e torna a produção pecuária mais sustentável.

Conclusão

A suposição de que ureia convencional e Amireia desempenham a mesma função é simplista e desconsidera as vantagens distintas da Amireia. Este produto não apenas fornece nitrogênio, mas otimiza sua utilização, garantindo maior eficiência no metabolismo ruminal e no desempenho animal. Além dos benefícios zootécnicos, a Amireia destaca-se economicamente, tornando-se uma alternativa sustentável e financeiramente viável para os pecuaristas brasileiros.


Referências

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