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Período seco das vacas: entenda o que é e porque é importante

Compreender todas as fases da produção de leite é importante para que o criador de gado leiteiro tenha sucesso. Dentre as etapas, uma delas se destaca: o período seco das vacas, considerado o mais significativo para uma boa lactação.

Os cuidados com a vaca leiteira devem acontecer antes mesmo dela entrar em trabalho de parto, observando desde o ambiente adequado, alimentação correta e até a quantidade de água que o animal deve ingerir.

No período seco, oferecer boas condições para que a vaca tenha o bezerro de maneira segura garante não somente qualidade de vida para ela como para o filhote. Além disso, os resultados são positivos também nas fases posteriores, com maior produção de leite e uma vaca que terá uma nova lactação sem prejuízos.

Mas, afinal, por que é tão importante esse período seco para a vaca? Quais cuidados devem ser adotados? Como deve ser a alimentação de uma vaca no período seco? Para saber a resposta destas e de outras perguntas, continue lendo este artigo.

  • O que é o período seco?;
  • O que acontece com a vaca nesse período?;
  • Planejamento nutricional;
  • Conforto animal.

O que é o período seco das vacas?

O período seco consiste nos dois últimos meses de gestação da vaca, em que devem ser adotadas algumas práticas para garantir boas condições durante o parto e a saúde do bezerro. A partir desta data, a vaca em lactação deve passar pela secagem e não ser mais ordenhada, cessando os estímulos para a produção de leite até o momento do parto.

O que acontece com a vaca nesse período?

Independente da produção de leite, a secagem da vaca deve ser realizada 60 dias antes do parto, para que as células da glândula mamária se intensifiquem e regenerem, garantindo um acúmulo de anticorpos, preparando-a assim para uma nova lactação.

A produção e qualidade do colostro é essencial para que a cria sobreviva, pois é através desses nutrientes que o bezerro se desenvolve nos primeiros dias.

O manejo da vaca deve ser realizado durante todo o período de lactação, para que na secagem apresente boas saúde e condição nutricional. Se necessário, deve-se oferecer suplemento àquelas que estiverem com condição corporal inferior. Esse não é somente um momento de descanso para a vaca leiteira, mas também um período para que ela reponha suas reservas e possa parir e produzir leite de qualidade na próxima lactação.

Sem a nutrição e o manejo correto, a vaca pode apresentar baixa produção de leite, ter sua vida reprodutiva reduzida, bem como o alongamento do trabalho de parto e nascimento de bezerros fracos. Além disso, podem surgir problemas metabólicos e infecciosos, como hipocalcemia ou febre do leite; cetose; deslocamento de abomaso; retenção de placenta e mastite, que podem ocasionar a morte do animal.

Dessa forma, tanto a nutrição como o manejo adequado garantem uma boa produção de leite, além de boas condições de saúde e reprodução.

Fases do período seco nas vacas

O período seco ocorre entre duas lactações, o que é importante para que a glândula mamária da vaca leiteira se regenere para a próxima lactação. Durante esse processo, existem três fases bem distintas e que exigem cuidados diferentes.

Período inicial (período seco)

Essa fase caracteriza-se pelas primeiras 4 a 6 semanas antes do período seco, após a interrupção da extração de leite. Nesse período é fundamental o tratamento com antibiótico intramamário como forma de prevenir a multiplicação de agentes na glândula mamária, combatendo infecções que possam ser desenvolvidas nessa etapa.

Das três fases, esta é a que representa maior risco de infecção intramamária, já que a extração do leite é interrompida e ocorre um aumento da pressão na mama, o que causa uma degradação das células da glândula mamária e a dilatação do teto.

Por isso, os cuidados, tanto com a vaca seca quanto com o ambiente onde ela ficará durante o período seco, são fundamentais para evitar a mastite. Para garantir isso, é necessário que o tecido do úbere se recupere antes da próxima lactação. Sendo assim, deve-se oferecer ao animal matéria seca proveniente de forragens para ingestão.

Além disso, pode-se suplementar o alimento com proteínas, minerais e vitaminas, mas deve-se evitar que a vaca seca ganhe muito peso, de forma a não prejudicar o parto ou a fase de lactação.

Período pré-parto

Durante as últimas 2 e 3 semanas do período seco, a vaca está passando por alterações tanto hormonais quanto metabólicas devido ao aumento de nutrientes, do crescimento do feto, da baixa imunidade, entre outros fatores. Com a proximidade do parto, deve-se reduzir ao máximo o nível de estresse e amenizar os impactos negativos que a vaca possa sofrer no início da lactação.

A vaca está se preparando para o parto e a lactação, e, até a próxima fase, o animal apresenta baixo consumo de matéria seca, apesar do bezerro estar em crescimento. Por isso, é preciso preparar a vaca leiteira para a produção de colostro, parto e início da lactação. O animal deve ter uma dieta com ingestão de matéria seca adequada e menos densa em relação à lactação.

É bom lembrar que, sem o manejo correto, há possibilidade do animal apresentar doenças metabólicas como hipocalcemia e a retenção de placenta, bem como prejudicar o animal em uma nova reprodução e lactação.

Durante o período de pré-parto, a vaca deve apresentar condição corporal dentro da normalidade, ou seja, de 1 a 5 e o escore corporal deve ficar entre 3 e 4. Além disso, é preciso ficar atento ao ambiente que a vaca ficará. O local deve ter boa cobertura vegetal, com baixa umidade e sombreamento suficiente.

Assim, deve-se manter alguns cuidados, como:

  • Área sombreada com, pelo menos, 5 m² para cada vaca;
  • Não superlotar os lotes, separando novilhas de vacas;
  • Água limpa e fresca;
  • Cochos com espaçamento mínimo de 80 cm por vaca;
  • Ambiente limpo e seco.

Período pós-parto

No período pós-parto, o principal objetivo é garantir que o animal tenha um início de lactação sem complicações e se recupere do parto da melhor forma possível. Isso significa uma boa produtividade e saúde ao longo da lactação. Para isso, é preciso oferecer uma dieta balanceada com alimentos de qualidade e aumentar o consumo de matéria seca.

Isso garantirá uma vaca saudável durante o período de lactação, maior produção de leite, colostro de qualidade, além de bezerros saudáveis, redução de distúrbios metabólicos, entre outros fatores.

Planejamento nutricional

Cada fase requer um cuidado e alimentação diferenciados para essa vaca leiteira, especialmente porque o animal passa por grandes mudanças metabólicas e fisiológicas em um curto período de tempo. Durante a pós-secagem, as vacas recebem uma dieta de baixa energia, mas com alta fibra, o que facilita o processo de secagem.

Já com os 21 dias que antecedem o parto, os teores energéticos e protéicos aumentam, em comparação ao que era fornecido durante a primeira fase. Durante o período seco, as vacas necessitam de nutrientes diferentes das fêmeas que estão em lactação, por isso um planejamento nutricional é fundamental.

Se durante o pré-parto o consumo alimentar está em queda, em contrapartida as necessidades energéticas estão subindo, o que exige uma boa alimentação e bom manejo. Por isso, reduzir os impactos negativos durante o período seco proporciona uma transição adequada para o início da lactação, exigindo que o planejamento nutricional siga algumas recomendações, como:

  • Forragem de boa quantidade, qualidade e palatável;
  • Proteína entre 12 a 14% da matéria seca (MS) na dieta;
  • Vacas de alto potencial de produção devem consumir matéria seca equivalente a pelo menos 4% do seu peso vivo, no pico de consumo;
  • FDN (Fibra em Detergente Neutro) em torno de 35% da MS;
  • Aumentar a quantidade de concentrados e minerais (mistura simples à base de milho moído, farelo de soja ou de algodão; calcário e sal mineral; soja em grão moída ou caroço de algodão);
  • Evitar forragens com altos teores de potássio (cana-de-açúcar, algumas forragens temperadas);
  • Vitamina E entre 1000 a 1400 UI/vaca/dia;
  • Balanceamento correto de minerais.

Alimentação pós-parto

O criador de gado leiteiro deve ficar atento à alimentação da vaca no pós-parto. Isso porque a produção de leite aumenta rapidamente, chegando ao seu ápice entre 6 e 8 semanas após o nascimento do bezerro. Entretanto, a vaca não consome alimento suficiente para suprir as demandas de nutrientes necessários para produção do leite.

Com isso, os tecidos adiposo e muscular gastam muita energia, o que favorece o emagrecimento da vaca. Para suprir essa necessidade, deve-se aumentar a quantidade de amido (energia) e avaliar o processamento desse alimento de forma a garantir um consumo ideal de nutrientes. A fibra que o animal irá consumir não deve ser inferior a 28% de Fibra em Detergente Neutro (FDN).

Com relação à fibra, 21% de FDN deve ser fisicamente efetivo, como forma de estimular a ruminação e manter o funcionamento do rúmen. Outro nutriente que exige atenção para as vacas leiteiras que acabaram de parir é a proteína. Se fornecida corretamente durante o período inicial da lactação, incentiva o consumo de alimento, ajudando no metabolismo do fígado, o que favorece a produção de leite.

Lembre-se, quanto mais a vaca for produtiva, maior será sua necessidade por nutrientes.

Conforto do animal

Passado o período da secagem, a vaca leiteira deve ser conduzida ao pasto com alimento de boa qualidade e uma forragem para que ela possa caminhar e se exercitar. Porém, deve-se lembrar que o animal não deve fazer movimentos intensos, especialmente no final da gestação. É preciso garantir ainda que a vaca seca não sofrerá pancadas, nem que corra ou caminhe longas distâncias, o que pode provocar um abordo traumático.

Outros cuidados que devem ser adotados para fornecer conforto ao animal que está na maternidade, são:

  • Pasto limpo, drenado, de fácil acesso e próximo ao estábulo;
  • Local com sombra;
  • Animais devem ser conduzidos ao piquete-maternidade, pelo menos, 15 dias antes do parto;
  • Observar a presença de corrimento vaginal com muco, sangue ou pus.

Importância da água

Um elemento que não pode passar despercebido pelo criador de bovino leiteiro é a água fornecida às vacas secas. Esse é considerado o mais importante insumo para as vacas leiteiras, especialmente porque elas estão passando por um processo fisiológico muito desgastante.

Quando uma vaca leiteira está em lactação, ela ingere, em média, 2,6 kg de água por dia. Isso resulta na produção de apenas 1 litro de leite, portanto percebe-se o quanto a ingestão de água  interfere na produção de leite de uma fazenda. Para isso, disponha de bebedouros planejados e que facilitem a higienização e renovação diária de água limpa. Além disso, cada bebedouro deve atender entre 15 e 20 vacas, ter distância de 5 cm a 10 cm entre cada animal, e ter 15 cm de profundidade e vazão de 38 litros por minuto.

Como você pode ver neste artigo, adotar boas práticas de manejo bem como alimentação no período seco das vacas leiteiras proporciona qualidade de vida para o animal, além de bom resultado para os produtores de leite.

Ter vacas saudáveis durante o período seco e de lactação resulta em maiores produções de leite; os animais apresentam um colostro de excelente qualidade; as vacas têm menos chances de abortos; os bezerros nascem mais saudáveis; há uma maior lucratividade, entre outros fatores.

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