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UTILIZAÇÃO DE MONENSINA SÓDICA PARA BOVINOS DE CORTE A PASTO

Os ionóforos são um tipo de antibiótico que, seletivamente, deprime ou inibe o crescimento de microrganismos do rúmen, aumentando a performance animal, principalmente devido às alterações na fermentação ruminal. No Brasil, é viabilizar a engorda de novilhos a pasto, com retorno ótimo, contudo promovendo um crescimento mais acelerado utilizando probióticos como a monensina sódica. Os benefícios gerados pela monensina sódica é a melhora na conversão alimentar e no ganho de peso tanto em animais confinados quanto os criados a pasto. 

1-FAZU – Faculdades Integradas de Uberaba,

*Av. do Tutunas, 720 – CEP 38061 -500, Uberaba – MG

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Melhorias no manejo de produção a pasto, como o uso de pastagem diferida e da suplementação múltipla são importantes para viabilizar a engorda de novilhos, evitando a descontinuidade na curva de crescimento no período da seca. O uso da suplementação no período da seca foi responsável por reduções nas perdas de peso ou falta de ganho no país, por ser uma tecnologia de fácil aplicação e de resultados imediatos.

Nos últimos anos, a indústria de nutrição animal, lançou no mercado suplementos múltipla com inclusão de ionóforos. Os ionóforos são responsáveis por decréscimo na produção de metano e aumento na produção de propionato no rúmen (VAN SOEST et. al. 1994). Portanto, sua utilização provavelmente apresentaria resultados positivos na suplementação múltipla na época da seca.

No ecossistema anaeróbio do rúmen os microrganismos fermentam carboidratos e proteína para obterem nutrientes necessários para seu crescimento. Muitos dos produtos finais dessa fermentação, como os ácidos graxos voláteis e a proteína microbiana, são as principais fontes de nutrientes (energia e nitrogênio) para o ruminante. Em contrapartida, outros produtos da fermentação, como calor, metano e amônia, representam perdas de energia e proteína do alimento para o ambiente.

Os ionóforos, principalmente a monensina são provavelmente os aditivos mais pesquisados em dietas de ruminantes. Nos Estados Unidos o uso deste composto em dietas para gado de corte confinado ocorre desde 1976 e em animais em pastejo desde 1978. Existem mais de 120 ionóforos descritos, mas somente a monensina, lasalocida, salinomicina e laidomicina-proprionato são aprovados para uso em dietas de ruminantes (NAGARAJA et. al. 1997). No Brasil, somente a monensina e a lasalocida são liberados no uso para ruminantes, em função disto será dado enfoque nesses dois ionóforos específicos.

Os ionóforos são considerados substancias altamente lipofílica, as quais são toxicas para muitas bactérias e protozoários, ajustando-se à clássica definição de antibióticos (RUSSEL e STROBEL, 1989). Os ionóforos são utilizados como promotores de crescimento em ruminantes e suínos, e cocciodiostático em aves. Entre eles a monensina vem sendo muito pesquisada com o objetivo em melhorar a eficiência alimentar, assim como a lasalocida e salinomicina.

O ionóforo ao ligar-se ao cátion de maior afinidade, transporta-o para a membrana celular para dentro da bactéria, e esta por meio da bomba iônica, na tentativa de manter este equilíbrio, utiliza sua energia para exaurir as suas reservas; como consequência disto, a bomba iônica não opera eficientemente, provocando um desequilíbrio, devido a uma maior concentração iônica (cátions) dentro da célula do que fora.

Ocorrendo aumento da pressão osmótica, a água penetra em excesso e com isso a célula incha tendo a romper-se, podendo resultar em ruptura osmótica ou acumulo de íons hidrogênio e acidificação fatal (MCKELLAR e LAWRENCE, 1996). A resistência das bactérias gram-negativas para os ionóforos é

conferida por uma membrana externa que é impermeável para grandes moléculas, e as gram-positivas não possuem, sendo mais sensíveis aos ionóforos (NRC et. al. 2001).

Os organismos sensíveis produzem mais hidrogênio, amônia e lactato que os microrganismos ruminais resistentes. No trabalho de (RUSSEL e STROBEL, 1989), foi verificada uma redução na produção de gás metano de 30%, disponibilizando mais energia do alimento para produção. A observação da redução no consumo de alimentos, tem sido observado mais constantemente com monensina para ambos, bovinos de pasto e confinados (GOODRICH et. al. 1984; BURRIN et. al 1988; STOCK et. al 1995).

Face às considerações feitas, o escopo dessa revisão será abordar os mecanismos de ação, mudanças na fermentação ruminal e o retorno econômico dos ionóforos na nutrição de ruminantes.

Mecanismo de ação

Os ionóforos têm sido definidos como substâncias capazes de interagir passivamente com íons e cátions, servindo assim como veículo de transporte para estes íons, através da membrana celular (RUSSEL e STROBEL; 1989). Estes antibióticos formam complexos com cátions monovalentes e bivalentes, como K+, Na+, Ca²+ e Mg²+ que são biologicamente significantes, entretanto, possuem afinidade diferenciada por estes íons. A monensina sódica medeia primariamente o Na+, pois sua afinidade a este íon é dez vezes maior do que ao K+, e não tem afinidade por íons bivalentes. Por outro lado, a lasalocida tem uma maior afinidade para o K+ e uma menor atração pelo Ca²+ e Na+ (PRESSMAN et. al. 1976).

Estudos com este grupo de antibióticos mostram que são capazes de proteger e deslocar as cargas de íons, formando complexos com cátions. Desta forma facilitam seus movimentos através da membrana celular, uma vez que, a superfície da membrana, é composta por lipídeos e, uma grande quantidade de energia seria necessária para transpô-las, ou seja, funcionam como veículo de transporte através da membrana, sendo bastante seletivos para os íons específicos (BERGEN e BATES, 1984). (SCHELLING et. al. 1984) descreve que a atividade específica das reações de troca iônica em nível celular catalisada pelos diferentes ionóforos atualmente usados, depende da afinidade do cátion pelo ionóforos, do pH, do relativo gradiente de concentração e do mecanismo específico pelo qual ocorre o deslocamento do íon.

O mecanismo de ação dos ionóforos sobre as bactérias ruminais está relacionado com fatores de resistência presentes na estrutura da parede celular, e esta é responsável por regular o balanço químico entre o meio interno e externo da célula, sendo este equilíbrio mantido por um mecanismo chamado de bomba iônica. O ionóforo, ao se ligar ao cátion de maior afinidade, transporta-o através da membrana celular para dentro da bactéria. E esta, por meio do mecanismo da bomba iônica, na tentativa de manter sua osmolaridade, utiliza sua energia, de forma excessiva, até deprimir as suas reservas, o que afeta o crescimento das bactérias gram-positivas e favorece o das bactérias gram-negativas.

A troca entre o cátion e o próton (H+), a qual é mediada pelo ionóforo é revisada por (BERGEN e BATES, 1984), que diz que o ciclo de transporte se inicia quando a forma aniônica do ionóforo liga-se a superfície de contato da membrana, onde é estabilizado pela característica do ambiente polar da mesma.

Como um ânion, o ionóforo é capaz de ligar se a um íon, um metal catiônico; ambos com terminação de ácido carboxílico. Esta ligação inicia a formação de um ciclo complexo lipofílico cátion-ionóforo, que pode se difundir para o interior da célula. A monensina sódica e a lasalocida se encaixam nesta categoria e uma característica marcante deste modelo é que os ionóforos deverão estar numa forma aniônica antes de serem capazes de ligar se ao cátion.

A difusão através da membrana não poderá ocorrer, a menos que o ionóforo exista na forma pro tonada (H+) ou na forma cátion-aniônico do próprio ionóforo. Têm sido descrito que o principal mecanismo de ação dos ionóforos para melhorar a eficiência alimentar dos ruminantes está relacionado a mudanças na população microbiana do rúmen.

As bactérias Gram-negativas são mais resistentes aos ionóforos do que as Gram-positivas, por apresentarem em sua constituição uma membrana externa de proteção e são produtoras de ácido propiônico, enquanto as Gram-positivas são menos resistentes e produzem ácido acético, butírico e láctico, H2 e metano (HEDERSON et. at. 1981; RUSSEL e STROBEL, 1989). Este mecanismo foi proposto por (RUSSELL et. al 1987), em relação à ação da monensina sódica sobre a bactéria Streptococcus bovis, Gram-positiva, sensível à droga, que teve o seu crescimento inibido. Esta ação foi atribuída à característica morfológica da sua parede celular, pois não possui uma membrana externa, permitindo assim este tipo de troca iônica, provocado pelo ionóforo que aumenta o fluxo de cátions através de sua membrana e altera todo o equilíbrio energético celular.

Mudanças na fermentação ruminal

A maioria dos estudos de mudança da fermentação ruminal associados com ionóforos tem sido feitos com monensina ou lasalocida (RUSSEL e STROBEL, 1989). Segundo (BERGEN e BATES, 1984) os efeitos dos ionóforos na fermentação ruminal são divididas em três maiores áreas:

  1. Aumento na produção de proprionato e redução na de metano, resultando em melhoria na eficiência energética;
  2. Redução na degradação proteica e desaminação de aminoácidos, resultando em melhoria na utilização dos compostos nitrogenados, e;
  3. Reduzir a produção de ácido lático que resulta em diminuição nas desordens ruminais.

  A mais consistente alteração na fermentação é o aumento na proporção molar de proprionato e a redução das proporções molares de acetato e butirato, produzidos no rúmen (RICHARDSON et. al. 1976). Concomitante ao aumento de proprionato há uma redução na produção de metano.

Considerando que os ionóforos não são inibidores das bactérias metanogênicas (CHEN e WOLIN, 1979), a diminuição na metanogênese pode ser atribuída à redução nos precursores (H2 e formano). O aumento na produção de proprionato contribui para um aumento de 5% na energia retida como AGV (ácidos graxos voláteis) (RAUN et. al. 1976). Este aumento em proprionato pode ser consequência do redirecionamento do hidrogênio que seria utilizado na produção de metano.

Estudos “in vitro” e “in vivo” sugerem que o decréscimo da amônia ruminal é resultado da redução na degradação ruminal de peptídeos e na desaminação de aminoácidos (VAN NEVEL e DEMEYER, 1977; WALLACE et. al. 1981; WHETSTONE et. al. 1981; NEWBOLD et. al. 1990). Estes dados são consistentes com a observação que muitas bactérias proteolíticas são resistentes aos ionóforos. Segundo Russel (1987), três espécies de bactérias isoladas do rúmen utilizam somente aminoácidos como fonte de energia, produzindo grande quantidade de amônia, e são sensíveis aos ionóforos. Essas espécies são denominadas de Clostridium sticklandii (linhagem SR), Peptostreptococcus anaerobicus (linhagem c) e Clostridium aminophilum (linhagem F). Segundo este autor, o fornecimento de monensina causou uma redução de, aproximadamente, 50% na produção de amônia ruminal, pela diminuição de 10 vezes nas bactérias fermentadoras de aminoácidos e um aumento na proteína bacteriana. As bactérias produtoras de ácido lático (Streptococcus bovis e Lactobacillus spp.) são gram-positivas, e, portanto, sensíveis a monensina, reduzindo a possibilidade de acidose lática (NAGARAJA et. al. 1997).

Os ionóforos também podem afetar a fermentação microbiana do intestino (YOKOYAMA et. al. 1985), mas, os benefícios talvez sejam limitados. Cerca de 50% da monensina suplementada é absorvida e metabolizada pelos bovinos. A monensina é relativamente estável no fluido ruminal, líquido abomasal e fezes, e aparentemente a monensina não absorvida não é degradada por microrganismos (DONOHO et. al. 1984). Dessa maneira, as leveduras no rúmen e os lactobacilos no intestino estariam potencialmente expostos ao ionóforo.

A intensidade desses efeitos é dependente do tipo de dieta e do nível de suplementação com monensina. Apesar de (NAGARAJA et. al. 1997) sugerirem que a magnitude de aumento na proporção de ácido propiônico é inversamente relacionada à densidade energética da dieta. Têm demonstrado que a suplementação com monensina provoca maior mudança na proporção de ácidos graxos voláteis, principalmente do ácido propiônico, no rúmen de animais alimentados com dietas concentradas do que volumosas. Isso pode ser explicado pela diferença na população microbiana predominante no rúmen. (HUNGATE et. al. 1966) constatou que o rúmen de animais alimentados com feno ou rações à base de volumoso são compostas, principalmente de organismos gram-negativos, enquanto que em animais alimentados com dietas a base de grãos há maior número de organismos gram-positivos. Dessa forma, espera-se maior efeito dos ionóforos em dietas com maior participação de concentrado do que em dietas com mais volumoso, uma vez que os ionóforos atuam principalmente sobre os microrganismo gram-positivos. (RODRIGUES et. al. 1996), utilizando lasalocida em dietas com proporções volumoso/concentrado diferentes (70:30 e 40:60) relatou que os maiores efeitos do ionóforo sobre o aumento da proporção molar de propionato, ocorreram quando os animais receberam maiores quantidades de concentrado. Experimentos in vitro e in vivo indicam que a monensina diminui a produção de metano. Média de seis estudos indicou que a monensina pode diminuir a emissão de metano em 25% (VAN NEVEL e DEMEYER, 1995a), podendo variar de 4 a 31% (SCHELLING et. al. 1984; RUMPLER et. al. 1986).

Respostas no desempenho animal em Gado de corte

Em dietas que contém elevados níveis de carboidratos facilmente fermentáveis os ionóforos geralmente levam a diminuição da ingestão de alimentos, sem afetar o ganho de peso, melhorando assim a conversão alimentar (BERGEN e BATES, 1984). Ruminantes alimentados com dietas contendo elevadas quantidades de volumosos com ligações do tipo β, por consequência rica em carboidratos, os ionóforos não diminuem a ingestão de alimentos, porém melhoram o ganho de peso, também, melhorando a conversão alimentar. Contribuindo assim para um melhor desempenho dos animais sob três formas:

  • Aumento na eficiência do metabolismo energético no rúmen;
  • Melhoram o metabolismo do nitrogênio no rúmen; e
  • Previne desordens metabólicas, como a acidose láctica crônica, a cetose e o timpanismo (NAGARAJA et al. 1997).

(CHALUPA et. al. 1977) e (CHALUPA et. al. 1980) avaliou alguns experimentos a respeito do efeito da monensina sódica sobre o desempenho de bovinos de corte, confinado e sob pastejo. Em confinamento, os animais que receberam de 5,5 a 33,0 mg de monensina/kg de alimento, consumiram menos alimentos, mas mantiveram o ganho de peso. Enquanto, os que foram mantidos a pasto ou que receberam forragem verde picada, o ganho de peso aumentou em cerca de 20,0%, sendo a eficiência alimentar melhorada, independente do regime de manejo.

Aparentemente, o aumento da energia disponível, diminuiu o consumo, devido uma regulação do balanço energético corporal, sendo esta energia usada para um ganho adicional. Diminuições da ingestão de alimentos são geralmente maiores durante as quatro primeiras semanas após o início do fornecimento de ionóforos.

(SALLES e LUCCI, 1998) descrevem o efeito da monensina sódica sobre o desempenho, as características e a composição da carcaça de bezerros holandeses com 80 dias de idade. Foram encontrados, efeitos significativos para ganho de peso, ingestão de MS, ganho em perímetro torácico e altura de cernelha, sendo os melhores resultados obtidos com o nível de 0,8 mg de monensina por kg de peso vivo. A avaliação econômica também apresentou resultados satisfatórios, o que valida à utilização do produto quanto a este aspecto.

A influência da monensina sódica nas características de carcaça também foi analisada em bovinos de corte (GOODRICH et. al. 1984). Foram usados cerca de 11.000 animais, sendo verificado um efeito positivo (0,61%) sobre a área de olho de lombo.

Com exceção da monensina, os outros ionóforos ainda não foram amplamente avaliados. Todavia, (BROW e DAVIDOVICH, 1979; e DAVIS et. al. 1978), (CHALUPA et. al. 1980) compararam o desempenho de novilhos de corte confinados, recebendo monensina sódica ou lasalocida sódica e não encontrando diferença significativa entre o efeito dos dois ionóforos.

(RESTLE et. al. 1997), também avaliaram o efeito da lasalocida sódica adicionada ao cloreto de sódio sobre o desempenho de fêmeas de corte, com idade de 10 meses, mantidas em pastagem de gramíneas anuais, durante a estação fria. Não influenciou o ganho de peso individual, mas permitiu um aumento de 7,0% na carga animal, indicando que houve um menor consumo de MS e, também houve um aumento no ganho de peso por área (kg/ha) e melhora na eficiência alimentar.

Resposta na performance dos animais em pastagens

A inclusão de ionóforos na dieta tem aumentado a eficiência alimentar, enquanto os efeitos no ganho de peso e no consumo de alimento têm sido variáveis. Como pode ser observado, em animais alimentados com dietas com alto concentrado, geralmente observa-se redução no consumo de alimento, aumento ou não alteração no ganho de peso e aumento na eficiência alimentar (consumo/ganho). Todavia, em animais em pastagem, a monensina não reduz o consumo de alimento e o ganho de peso é aumentado, também como consequência de um aumento na eficiência alimentar.

A redução ou modulação do consumo de alimento tem sido observada, principalmente com monensina (GOODRICH et. al. 1984; SCHELLING et. al. 1984; OLIVEIRA et. al. 2005), enquanto outros ionóforos como lasalocida, salinomicina, laidlomicina propionato, geralmente não afetam ou podem aumentar o consumo de alimento (SPIRES et. al. 1990).

O consistente efeito negativo da monensina no consumo de alimento levou o (NRC et. al. 1996) a recomendar que o consumo de matéria seca estimado seja diminuído em 4% quando se procede a suplementação com 27,5 a 33 ppm de monensina. Os mecanismos de redução do consumo de alimento quando se utiliza monensina não são bem entendidos. Em animais alimentados com dieta volumosa, o decréscimo no consumo pode ser parcialmente explicado pela diminuição na taxa de turnover de sólidos e líquidos no rúmen e, consequente, aumento do enchimento ruminal (ALLEN e HARRISON, 1979), enquanto a reduzida motilidade ruminal induzida pela monensina pode ser a causa da diminuição do turnover ruminal (DESWYSEN et. al. 1987). (BAILE et. al.1979) sugerem que, em dietas ricas em concentrado, a diminuição no consumo de alimento foi atribuída ao sabor desagradável da monensina. Contudo, (OLIVEIRA et. al. 2001) observaram maior redução no consumo de alimento relacionado à suplementação com monensina à medida que o nível de concentrado (0, 25, 50 e 75%) na dieta aumentou. Os autores sugerem que, no caso de animais em confinamento, em que o nível de energia (efeito fisiológico) regula o consumo, o aumento da eficiência energética favorece a redução do consumo de alimentos para satisfazer as necessidades nutricionais.

Experimentos de (RAUN et. al. 1974a, b; 1976) e (BRONW et. al. 1974) demonstraram uma resposta quadrática à dose de monensina administrada. O consumo de alimento foi reduzido em 5% com a inclusão de 11 ppm de monensina na dieta, 13% com 33 ppm e 24% com 88 ppm. Os autores recomendaram uma dose ótima de 11 ppm, considerando o ganho de peso diário e 33 ppm para máxima eficiência alimentar.

Em média, recomenda-se para bovinos, 33 ppm ou 200 mg/dia de monensina como dose ótima para a obtenção da melhor resposta no desempenho (POTTER et. al. 1976; WILKINSON et. al. 1980; GOODRICH et. al. 1984), na eficiência alimentar (POTTER et. al. 1976), no padrão de fermentação ruminal (POTTER et. al. 1976; RAUN et. al. 1976), menor produção de metano (O’KELLY e SPIERS et. al.1992) e menor incidência de timpanismo (May et. al. 1990).

Ganho médio diário aumentou de 1,6 a 1,8%, o consumo diminuiu de 4 a 6% e a conversão alimentar diminuiu de 6 a 7,5% em bovinos em crescimento em condições de confinamento. Segundo os autores, o efeito líquido da monensina seria manter o desempenho animal, enquanto reduz o consumo de alimento. Em pastagem observou-se que o ganho médio diário foi aumentado com o uso de monensina.

A melhora na eficiência alimentar ocorre devido ao aumento na proporção de propionato em relação ao acetato, depressão na produção de metano e na degradação da proteína da dieta.

De acordo com (NAGARAJA et. al. 1997), a monensina aumenta a eficiência energética animal em torno de 5%, em virtude da maior produção de propionato, menor formação de metano e aumento na energia retida.

Assumindo que o propionato é essencial para o metabolismo energético dos ruminantes, sua maior disponibilidade contribuirá para diminuir o incremento calórico, (BLAXTER e WAINMAN et. al. 1964), poupar aminoácidos normalmente destinados a gliconeogênese (REILLY e FORD, 1974) e promover, assim, síntese de proteína corporal (POTTER et. al. 1968).

No Brasil, (SALLES e LUCCI, 2000a) relataram que a adição de monensina melhorou as condições ruminais de bezerros da raça Holandesa alimentados com dietas com maior quantidade de concentrado, em termos de pH, amônia e ácidos graxos voláteis, proporcionando aumento na digestibilidade do alimento e maior quantidade de nutrientes a ser disponibilizado para o animal. Isso refletiu positivamente no ganho de peso dos animais, com melhores resultados nos parâmetros de carcaça e maior benefício econômico (SALLES e LUCCI, 2000b).

(FRIZZO et. al. 2000) avaliaram o efeito da adição de monensina (150mg/animal/dia) em dois níveis de suplementação energética (0,75 e 1,4% do peso vivo) na recria de bezerras mantidas em pastagem de aveia mais avezem e obtiveram resultados expressivos apenas com o nível de suplementação de 1,4%, onde a inclusão de monensina aumentou o ganho de peso em 9,59%, a carga animal em 19,21% e o ganho de peso por hectare em 11,31%.

Avaliando a inclusão de monensina (225mg/animal/dia) e lasalocida (225mg/animal/dia) na dieta de novilhos com 19 meses de idade em terminação no confinamento, Pascoal (2000) observaram aumento no ganho de peso em relação ao testemunha de 5,82 e 8,83%, e redução na conversão alimentar de 8,6 e 6,8%, relativos a monensina e lasalocida, respectivamente.

Trabalhos demonstram que as bactérias de animais recebendo dietas ricas em concentrado são mais resistentes a monensina que as bactérias de animais recebendo forragens, podendo ser este fato uma das razões pela qual a monensina tem maior efeito em animais sobre pastejo que animais mantidos em confinamento (GOODRICH et. al. 1984).

Em dietas com alto teor de grãos, ionóforos geralmente, reduzem a ingestão de alimento cerca de 8 a 10% e melhoram a conversão alimentar, mantendo ou aumentando o ganho de peso diário, sem afetar as características de carcaça. Quando o ionóforo é incluído na dieta, o consumo pode cair inicialmente em torno de 15%, retornando a cerca de 90% do consumo original depois de alguns dias (KUNKLE e STAND,1998).

Os ionóforos, normalmente, causam em animais em pasto melhoria no ganho de peso sem alterar o consumo de matéria seca, resultando em melhor conversão alimentar. (GOODRICH et. al. 1984) relataram melhoria de 7,5 % na conversão alimentar (resultados de 288 experimentos). (NAGARAJA et. al. 1997) citaram redução de 4% no consumo de matéria seca, aumento de 5% no ganho de peso e melhoria de 9% na conversão alimentar (resultados de 35 experimentos nos países da Europa). (LANA et. al. 1997), testando vários ionóforos apresentou em média, aumento de ganhos de peso diários de animais em 0,6% e consumo reduzido em 5,6% e a conversão alimentar melhorada em 6,4% (resultados de 137 experimentos bovinos alimentados com 30 ppm de monensina).

A maioria dos trabalhos utiliza grãos e farelos como veículos, para a ingestão de ionóforos por bovinos em pastejo. Essa prática minimiza os riscos de intoxicação. Novilhos taurinos em recria em pasto nativo apresentaram incremento de 8% no ganho de peso ao consumir mistura mineral contendo monensina, por períodos de 83 dias ou 114 dias (BRAZLE e LAUDERT, 1991).

Entretanto, esses dados de pesquisa devem ser analisados com certo cuidado, já que a maioria dos experimentos fora realizado na Europa e na América do Norte e as condições edafo-climáticas destes países, o sistema de produção, se diferem das condições brasileiras.

Controle de distúrbios nutricionais

Certas doenças como acidose, cetose e timpanismo são causadas por distúrbios na fermentação ruminal. No entanto, esses sintomas são atenuados quando ionóforos são fornecidos aos animais, uma vez que eles influenciam no consumo de alimentos, na flora microbiana ruminal e consequentemente, nos produtos finais da fermentação (McGUFFEY et. al. 2001).

A acidose ruminal, normalmente é associada com aumento de lactato, ácido dez vezes mais forte que outros ácidos graxos voláteis. Devido à ação sobre as bactérias produtoras de lactato os ionóforos têm sido utilizados para reduzir problemas de acidose. A acidose clínica causa severa indigestão, ulceração do rúmen, abscesso no fígado e ainda pode levar o animal à morte. No entanto, os maiores problemas estão relacionados com a acidose subclínica, uma vez que os sintomas são mais difíceis de serem percebidos, havendo redução do consumo e indiretamente diminuição no ganho de peso diário e eficiência alimentar. Durante o período em que os ruminantes encontram-se em balanço energético negativo, tentam suprir seus requerimentos de energia através da mobilização de gordura. Os tecidos adiposos liberam ácidos graxos não-esterificados no sangue, podendo ser oxidados, ré esterificados ou metabolizados até a formação de corpos cetônicos. Esses processos são característicos de acetonemia. O aumento na produção de ácido propiônico, principal precursor da gliconeogênese, pela adição dos ionóforos na dieta alimentar tem demonstrado diminuir a concentração de corpos cetônicos em vacas recém paridas, prevenindo a cetose (WEISS e AMIET,1990; McGUFFEY et. al. 2001).

O timpanismo é uma enfermidade não infecciosa, caracterizada pela excessiva produção de gás, principalmente CO2, devido à intensa fermentação ruminal. Alguns autores sugerem que a ocorrência do timpanismo espumoso em bovinos com suplementação de monensina e lasalocida pode ser diminuída (NAGARAJA et. al. 1997). Essa diminuição está associada a uma diminuição na população de bactérias, como Streptococcus bovis que produzem mucopolissacarídeos que aumentam a viscosidade do líquido ruminal e dificultam a separação do gás no conteúdo ruminal (LOWE et. al. 1996; CHENG et. al. 1998). Os ionóforos também têm demonstrado ação anticoccídea (VAN AMBURGH et. al. 1997), evitando problemas como diarreia, desidratação, perda de peso, perda de apetite e sinais neurológicos.

Toxidez e resistência

É importante mencionar que os ionóforos também são tóxicos a algumas espécies, especialmente a equina, que são extremamente sensíveis à droga (HANSON et al. 1981). Esses produtos também podem acarretar riscos de intoxicação aos bovinos, sendo necessários cuidados para evitar erros nas formulações e mistura dos componentes da dieta alimentar. A monensina é rapidamente excretada após sua ingestão, com mínimo acúmulo nos tecidos animais. Mas existe possibilidade de que a taxa de excreção metabólica seja excedida, e efeitos tóxicos da monensina surjam em animais recebendo dieta com monensina ou em seres humanos consumindo tecidos desses animais. Não existem trabalhos na literatura que comprovem resistência de bactérias ao uso de ionóforos. A ideia de que a resistência aos ionóforos é uma seleção fenotípica, sustentada por medições do fluxo de potássio monensina-dependente, é mais aceita do que a mutação ou aquisição de genes externos (RUSSEL e HOULIHAN, 2003). Além disso, genes responsáveis pela resistência das bactérias ruminais aos ionóforos não tem sido identificados e há uma pequena evidência de que a resistência aos ionóforos possa ser transferida de uma bactéria para Devido a isso, o uso de ionóforos na alimentação animal, provavelmente não tem um outra. Implicações econômicas, esperando-se aumentos de 3 a 5% nos custos de produção. Em vista disso, os pesquisadores têm concentrado esforços na busca de estratégias para evitar o uso de aditivos antibióticos na produção animal. Produtos naturais têm sido estudados para manipular a fermentação ruminal e aumentar a eficiência de produção. Dentre esses, ácidos orgânicos, ácidos graxos, leveduras, significativo impacto na transferência de resistência a antibióticos dos animais para os humanos (RUSSEL e HOULIHAN, 2003).

CONCLUSÃO

Os aditivos apresentam um potencial para manipular o ambiente ruminal, diminuindo a excreção de compostos nitrogenados e a emissão de metano, que além de representarem ineficiência do processo fermentativo do rúmen, se constituem em importantes fontes de poluição ambiental. Com exceção dos ionóforos que já tem seu mecanismo de ação bem definido, existe a necessidade de mais estudos para estabelecer níveis adequados de suplementação, interações aditivo: microbiologia com os demais componentes da dieta, tipo de dieta, tipo de animal e, principalmente ação em longo prazo. Finalmente, deve-se ter em mente que a manipulação ruminal deve estar associada à melhoria da qualidade da dieta, principalmente no que diz respeito à utilização da fração fibrosa.

REFERÊNCIAS

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