A combinação da previsão de quebra da safra de grãos no Brasil e o achatamento dos preços internacionais das commodities formou um cenário tão raro e complexo quanto potencialmente prejudicial aos produtores rurais e desafiador para a política agrícola em 2024, na avaliação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O foco da Pasta será antever a “crise iminente” no campo e anunciar ações de ajuda aos produtores antes do fim da colheita da soja. A intenção é evitar agir apenas depois que se instale um ambiente de endividamento e de seus efeitos colaterais. O ministro também já considera que a segunda safra de milho será menor que o projetado inicialmente.
Mobilização do governo
Fávaro já colocou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a par da situação em um telefonema na terça-feira (23/1) e vai se reunir na próxima semana com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir medidas para minimizar os impactos financeiros aos produtores.
Com restrição orçamentária e dados ainda incipientes sobre os prejuízos na colheita de soja recém-iniciada pelo país, as equipes técnicas do governo fazem contas e apenas projetam cenários para possíveis prorrogações de parcelas de investimentos, criação de novas linhas para custeio e implementação de ações de apoio à comercialização.
Minimizar impactos
Fávaro admite que a “rentabilidade dessa safra já foi embora até para quem tem boa produtividade” — por conta dos custos de produção ainda altos durante o plantio e os impactos causados pelo clima no rendimento médio das lavouras — e que 2024 será um ano atípico. “Vamos jogar com aquilo que temos e minimizar os impactos para que possamos voltar a crescer na safra 2024/25”, disse o ministro em entrevista à reportagem. “Agora temos que fazer de tudo para passar com menos impacto possível”, completou.
“Boa parte dos produtores vão colher menos e alguns muito menos que no ano passado. A quebra de produção com preços baixos acende uma luz no mínimo amarela senão vermelha para a adoção de providências muito rápidas. É um cenário mais raro, mas que quando acontece se torna muito grave”, avaliou Fávaro.
Medidas cogitadas
O ministro reforçou que uma das propostas à mesa, no momento, é prorrogar as parcelas de investimentos, o que pode gerar custos ao Tesouro Nacional. As análises internas tentam levantar quantos e quais contratos podem precisar desse alongamento de prazo, já que a produção não será atingida com a mesma intensidade em algumas regiões do país, e quais são os juros praticados nesses financiamentos. A equipe técnica avalia, por exemplo, o volume de operações contratadas desde a safra 2016/17 nas linhas do Moderfrota, Pronamp Investimento e Inovagro e que vencem em 2024.
fonte: Globo Rural