Por que a aplicação de enxofre no milho é importante?
A aplicação de enxofre é considerada uma prática agrícola indispensável para o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo do milho, já que ele desempenha funções que vão desde a constituição de elementos estruturais e metabólicos à sua participação na fixação biológica de nitrogênio.
Os chamados metabólitos, dos quais o enxofre faz parte, estão envolvidos em processos de respiração, de crescimento, síntese de vitaminas e proteínas, mecanismos de resposta a estresses oxidativos e resistência ao frio.
No artigo Eficiência agronômica de diferentes fertilizantes contendo enxofre para a cultura do milho, Rodrigo Vianei Czycza e outros pesquisadores observaram respostas positivas da adubação sulfatada na produção de grãos de milho no estado do Paraná.
Resultados similares também foram encontrados no estado de São Paulo por Rafael de Paiva Andrade e outros pesquisadores, no artigo Fontes, modo de aplicação e translocação de enxofre no desenvolvimento inicial do milho.
Contudo, cada vez mais o enxofre tem se tornado um fator limitante para nos solos brasileiros. Os latossolos e argissolos, que segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos Brasileiros (SiBCS), compõem 58% do total dos solos nacionais, são, de maneira geral, pobres em enxofre.
Além disso o uso intensivo das terras, com práticas agrícolas que reduzem o teor de matéria orgânica nos solos e até mesmo a aplicação de fertilizantes com baixos teores de enxofre contribui para o surgimento de sintomas de deficiência desse nutriente no milho, como:
- Amarelecimento (clorose) internerval nas folhas mais jovens;
- Tons vermelhos-amarronzados nas bordas das folhas;
- Redução do valor nutritivo dos grãos;
- Atraso no crescimento da planta.
Mas, então, como fazer um bom manejo do enxofre no milho?
O manejo do enxofre no milho
Segundo Antônio Marcos Coelho, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, as maiores respostas do milho à adubação sulfatada serão encontradas naqueles solos com teores de enxofre inferiores a 10ppm, considerando o uso do extrator fosfato de cálcio na análise de solo.
Por isso, o primeiro passo para o manejo correto do enxofre do milho envolve o conhecimento do real estado de fertilidade do solo através da realização da análise de solo com o método mais adequado.
Dependendo do extrator químico utilizado, podem haver diferenças significativas nos resultados, que podem impactar de modo negativo na recomendação da adubação.
No artigo Soil assays for the recognition of sulphur deficiency, H. M. Reisenauer destacou que alguns extratores conseguem avaliar apenas a fração do sulfato solúvel e parte do sulfato adsorvido, enquanto outros também conseguem extrair porções do enxofre orgânico contido nas amostras de solo.
Para a recomendação das doses de enxofre para o milho, também é importante considerar se a cultura está inserida em sistemas de rotação de culturas. Em algumas culturas leguminosas, como a soja, a extração do enxofre do solo para a produção de uma tonelada de grãos pode chegar a ser até quase quatro vezes maior quando comparada com a do milho.
Essa maior exigência é um reflexo do teor mais elevado de proteínas nos grãos da soja, um componente o qual o enxofre faz parte, como apresenta Eurípedes Malavolta, no artigo Nutrição mineral e adubação na soja.
Para produções de até 8 toneladas de grãos, diversas pesquisas situam a exigência de enxofre do milho entre 15kg/ha a 32kg/ha e com o pico de absorção concentrado entre 80 a 90 dias após a germinação.
Apesar das plantas de milho apresentarem maior absorção e retenção radicular de enxofre quando comparado a outras culturas, como a soja, quando elas entram no estágio de maturidade fisiológica, mais de 70% do enxofre pode acabar sendo translocado para os grãos.
No artigo Resposta de culturas à aplicação de enxofre e a teores de sulfato num solo de textura arenosa sob plantio direto, Danilo dos Santos Rheinheimer e outros pesquisadores observaram que os teores de enxofre nos grãos de milho variaram de 1,2 a 1,7g/kg e a quantidade de enxofre exportado pelos grãos variaram de 11,5 a 17,5kg/ha.
Qual, então, é o melhor momento para aplicar enxofre no milho?
Quando aplicar enxofre no milho?
Mesmo o milho apresentando um pico de absorção de enxofre concentrado em uma pequena janela agrícola, o ideal é manter os níveis de enxofre estáveis durante todo o ciclo da cultura.
Isso porque o enxofre estabelece um íntimo relacionamento com o nitrogênio, outro nutriente muito importante para o crescimento e produtividade do milho.
Além disso, ele também está relacionado com o bom desenvolvimento radicular da cultura, principalmente com o aumento da densidade de raízes mais finas que são essenciais para aproveitamento da absorção dos nutrientes do solo.
Nesse sentido, as fontes de enxofre que mais vão garantir um longo efeito residual no solo serão aquelas que apresentam uma liberação progressiva dos nutrientes no solo, como é o caso do enxofre elementar micronizado.
Esse tipo de fertilizante sulfatado, além de proporcionar uma maior estabilidade nos níveis de enxofre no solo por um período prolongado, minimiza as perdas de nutrientes para as camadas mais profundas no solo.
Característica essa que é muito desejada no caso do enxofre, já que nos solos corrigidos, as fontes de enxofre na forma de sulfato movimentam-se muito rapidamente no perfil do solo e podem ficar fora do alcance das raízes do milho.
O manejo adequado do enxofre no milho pode impactar positivamente a cultura
Dada a importância do enxofre no milho, em vista das suas funções na fisiologia das plantas e até mesmo por causa da sua relação com outros nutrientes, a adubação sulfatada pode impactar positivamente a cultura do milho.
Assim, o adequado manejo do enxofre no milho com o uso de fontes de liberação progressiva de enxofre é uma prática agrícola essencial para o bom desempenho e produtividade da cultura do milho!