A “Síndrome da vaca caída” é o nome popular dado à “Hipocalcemia”, uma doença que causa grandes prejuízos econômicos para a pecuária leiteira.
Essa doença impede a vaca de se levantar após o nascimento do bezerro, o que ocorre especialmente quando o animal esgota seu estoque de cálcio disponível, devido a baixas concentrações sanguíneas de minerais que são necessários para as funções nervosas e musculares. A falta de cálcio no sangue desde 48 horas antes do parto até 72 horas depois de parir deixa a fêmea fisicamente esgotada e com dificuldade de se levantar. Segundo o médico veterinário Guilherme Gomes, alguns estudos apresentam que 40 a 50% das vacas têm hipocalcemia na forma sub clínica, ou seja, ela está com deficiência de cálcio, porém não é perceptível visualmente. As raças leiteiras são mais propícias e a faixa etária interfere, pois vacas mais velhas (a partir da terceira cria) têm menor capacidade de reabsorção óssea e de absorção intestinal de cálcio.
De acordo com o médico veterinário Flávio Moraes, essa doença apresenta três estágios:
1° Estágio
No primeiro estágio o animal apresenta uma redução da movimentação, diminuição do apetite, uma ligeira excitação e tremores musculares.
2° Estágio
No segundo estágio o animal começa a ficar de peito no chão deitado, normalmente vira o pescoço para uma dos dois lados, e a cabeça sempre voltada para barriga.
3° Estágio
No terceiro estágio já é um estado pré-comatoso, o animal está deitado de lado, apresenta uma flacidez completa.
Prejuízos para o produtor:
A vaca com pouco cálcio no sangue chega a registrar uma queda de 14% na produção de leite e reduz a vida reprodutiva em até quatro anos a menos que as outras fêmeas sadias. Mas além de reduzir a produção, a doença traz outras complicações:
- retenção de placenta;
- um maior número de casos de infecções uterinas e de mastite,
- redução na vida reprodutiva do animal,
- custos com tratamento e na queda de produção desse animal.
Identificação da doença
O diagnóstico da doença se dá por meio de uma exame clínico completo, o veterinário examina o úbere da vaca, a frequência cardíaca e respiratória, além das mucosas e do sistema digestório.
Prevenir é o melhor caminho
Sempre sob a orientação de um profissional da área, uma primeira forma de prevenir é reduzir o fornecimento de cálcio antes do parto, outra seria trabalhar com dietas aniônicas no pré parto. Ambas têm como objetivo ativar os mecanismos do organismo da vaca que consigam remover o cálcio dos ossos e as reservas do próprio organismo, e ao mesmo tempo melhorar a absorção intestinal desse mineral. Ao conseguir manter o nível mais adequado das concentrações de cálcios circulantes, consequentemente o animal vai passar bem o período de transição e do parto, além de ter um bom desempenho, assim como no pós parto.
Tratamento
O tratamento da hipocalcemia é através da administração de até um litro de cálcio pela via endovenosa, e parte desta quantidade pode ser pela via subcutânea. Este tratamento pode ser repetido em função da persistência de alguns sintomas, porém o tratamento deve ser desenvolvido por profissionais que possuem conhecimento técnico.