O sol já nascia, às 6h da manhã, e a bezerra Bita já reivindicava seu leite matinal aos donos da fazenda. Criada solta e perto da casa do pecuarista José Aparecido de Oliveira, Bita perdeu a mãe ainda recém-nascida. O pecuarista tentou arranjar uma adotiva para a bezerra, mas nenhuma vaca aceitou a tarefa. Para se alimentar, Bita precisou da ajuda humana. Todos os dias, a bezerra se aproximava da residência e reclamava pelos seus quatro litros de leite.
Quem ficou responsável pela alimentação da órfã foi a dona de casa Marilena de Oliveira. Ela preparava o leite, colocava no recipiente, uma garrafa pet, e alimentava o animal, que parecia não se saciar nunca. Para repor a alimentação, Bita pastava pelo local e comia ração junto com o rebanho. O método, apesar de rústico, funci¬onou. Hoje, a bezerra já passou da fase de amamentação, está forte e saudável.
Induzir a adoção nem sempre dá certo. O médico veterinário Daniel Félix diz que uma estratégia para a adoção ter sucesso é passar fezes e urina da vaca no bezerro órfão. “É para dar o cheiro da futura mãe para diminuir a rejeição do animal”, conta. Raramente, uma vaca adota o filhote e começa a produzir leite espontaneamente. De acordo com Félix, essa atitude é mais comum em pequenos animais.
Outra opção, caso a propriedade não tiver nenhuma vaca lactante, é alimentar o bezerro órfão com leite em pó. O saco de dez quilos é encontrado no mercado agropecuário a partir de R$ 55 reais. O produto é misturado com água morna e serve como alimentação por até 10 dias. “Alguns pecuaristas misturam ovo no leite como fonte de proteína. O leite deve ser fornecido até o sexto mês de vida do bezerro”, orienta.
Aos poucos, o animal começa a aderir novos tipos de alimento. O leite em pó visa substituir o materno, mas o bezerro pode demorar mais a se desenvolver. É o que especifica a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Não existe produto capaz de substituir o colostro. Os substitutos do leite podem auxiliar na criação, mas os animais não terão o mesmo desenvolvimento daqueles que foram criados pelas vacas.
“O contato com a mãe estimula mais a alimentação. Às vezes, a gente não consegue fornecer de acordo com a necessidade fisiológica do bezerro”, pontua o veterinário. Para criar uma teta artificial, o mercado disponibiliza mamadeiras para grandes mamíferos. Também há bicos de mamadeiras que podem ser usados em garrafas pets. O importante é garantir a ingestão de leite no mínimo quatro vezes ao dia.
Além da mamadeira, há outra alternativa para amamentar um bezerro órfão. A opção é por um balde. A técnica é mais difícil para o bezerro, que precisa aprender a consumir o leite. Já a dos mamilos, o material precisa ser higienizado para prevenir infecções no animal.
A alimentação de leite diminui conforme o crescimento do animal com a introdução do pasto e ração.
“Quatro litros de leite seriam um volume ideal por dia para cada bezerro”, oriente Félix. Durante a fase de crescimento é necessário complementar com suplementos minerais, rações e volumosos.
COLOSTRO É IMPORTANTE PARA BEZERROS
O bezerro órfão requer cuidados especiais para a sobrevivência. É importante o animal receber o colostro, leite secretado nos primeiros dias de amamentação pós-parto. Ele é composto de várias substâncias necessárias para o desenvolvimento do filhote, como leucócitos, carboidratos, proteínas e água. O colostro para o bezerro órfão é uma fonte de imunoglobulinas.
A alimentação do bezerro deve ser feita com calma e higiene, pois se trata de um recém-nascido. O pecuarista tem que adquirir substitutos para o leite, que contenha, pelo menos, 22% de proteína e 15% de gordura. É essencial seguir as instruções da embalagem para preparar o produto. A alimentação é feita com base do peso do animal, idade e leite utilizado. Consulte um veterinário para instruir sobre a quantidade correta.
O ideal é já oferecer pequenas quantias de água e ração alguns dias após o nascimento, que ajuda a parte rúmen do estômago digerir melhor grãos e forragem. O bezerro deve começar a comer quantidades maiores da partida, em preparação para o desmame.
REJEIÇÃO
O bezerro começa a mamar de duas a cinco horas após o nascimento. Cada mamada dura de 10 a 15 minutos. Após o nascimento, a vaca precisa fazer os controles olfativo e gustativo no filhote. Se o bezerro for separado da mãe antes do reconhecimento, a vaca pode rejeitar o filhote com mais facilidade.
Para que as vacas não se estressem ao amamentar é recomendado a utilizar o tronco de contenção, em vez de amarrá-las e derrubá-las. Contida devidamente, a vaca pode amamentar até quatro bezerros simultaneamente. (Fonte: Dia de Campo)
DESMAME
As maiores vantagens da desaleitamento precoce dos bezerros são as reduções da mão-de-obras, custos e a não ocorrência de distúrbios gastrointestinais. Os bezerros devem permanecer em instalação, por mais duas semanas, após o corte da dieta líquida, recebendo apenas água e sólidos.
Eles vão perder o hábito da dieta líquida e será possível observar como reagiram ao desmame. Outro fator de importância é a não-ocorrência de estresse por competição, se mudados após a desmama para instalações coletivas. (Fonte: Embrapa)