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Goteira esofágica: Qual a função e por que é tão importante ?

Os bezerros, assim como qualquer outro ruminante, são funcionalmente monogástricos durante as primeiras semanas de vida. Durante este período os pré-estômagos dos bezerros são subdesenvolvidos, de forma que a fermentação ruminal não é capaz de fornecer energia suficiente para o desenvolvimento e crescimento dos animais. Dessa forma, nestas primeiras semanas, o leite que é digerido no abomaso é a principal fonte de nutrientes, como gorduras e proteínas.

Por isso, é muito importante a formação da “goteira esofágica”. Quando os bezerros ingerem leite, há a ativação de um reflexo nervoso, que estimula a contração da musculatura presente na parede esofágica, formando a partir dessa contratura um “tubo”, chamado de sulco esofágico, popularmente conhecido como “goteira esofágica”. Dessa forma, este “tubo” conduz o leite para o abomaso, evitando que o leite seja direcionado para dentro do rúmen, o que ocasionaria sua fermentação e não digestão, acarretando problemas metabólicos. 

O problema da não formação da goteira, ou formação ineficiente, levando leite ao rúmen é conhecido como “beber ruminal”. A entrada de leite no rúmen e sua consequente fermentação por bactérias, resulta em grande produção de ácido lático que será absorvido causando acidose metabólica em bezerros. A acidose metabólica reduz o desempenho animal.

Diversos fatores podem desencadear esse reflexo, incluindo comportamentos de sucção, temperatura do leite, posição da cabeça do bezerro quando ingere a dieta líquida, além da ausência de estresse. No entanto, a falta de familiaridade com o método de alimentação; baixa temperatura do leite e a ingestão em alta velocidade (taxa de ingestão) podem causar falhas no fechamento do sulco esofágico ou até mesmo exceder sua capacidade de fechamento, influenciando para que parte do leite caia dentro do rúmen, o que não é desejado. Ou seja, uma série de fatores pode resultar no chamado beber ruminal, o que afeta negativamente a digestão do leite e utilização de nutrientes pelo bezerro.

Nos primeiros dias de vida do bezerro, a presença de leite no rúmen geralmente não é danosa, principalmente em razão do rúmen ainda não possuir uma população microbiana estabelecida que seja capaz de promover processos fermentativos. Assim, quando há o uso de uma sonda esofágica para a alimentação dos animais, como por exemplo para a administração do colostro, este será depositado no rúmen, mas em poucas horas chegará ao abomaso, onde então sofrerá os processos de digestão. No entanto, para bezerros a partir da segunda semana, já com uma microbiota ruminal estabelecida, a presença de leite no rúmen pode representar um problema. Assim, não se recomenda o uso de sonda esofágica para fornecimento de leite ou sucedâneo.

Alguns estudos já demonstraram que a oferta de dietas com volumes de até 6,8 litros de leite (13,2% PV), não causam o refluxo para o retículo-rúmen, quando o leite era servido a 38°C e com a utilização de bicos com diâmetro de abertura menor. Atualmente muitos produtores fornecem 8 L/d, em algumas regiões até 10L/d, sem problemas em função do beber ruminal, sugerindo que o volume por si só não é responsável pela ocorrência deste distúrbio. No entanto, muitos fazem uso de fornecimento com bicos mais resistentes, que reduzem a velocidade de mamada; ou ainda adotam aleitamento automático, de forma a dividir o fornecimento em maior número de refeições. Todavia, na rotina do campo, alguns produtores podem não ser tão criteriosos no controle de temperatura de fornecimento do leite. 

Um outro problema recorrente é o aumento proposital no diâmetro de abertura dos bicos, para acelerar a ingestão dos animais, e reduzir o tempo dispensado com esta tarefa. Deve-se considerar que os bezerros são capazes de reduzir a velocidade de ingestão, reduzindo potencialmente o risco de que o leite caia no rúmen. No entanto, não se recomenda alimentar bezerros utilizando bicos com diâmetros mais largos. Além do controle do fluxo de mamada pelo bezerro não ser muito eficiente, os bicos com aberturas maiores não suprem de forma eficiente a necessidade do comportamento natural dos bezerros de sugar.  

Os menores tempos de mamada podem afetar o comportamento de bezerros, aumentando por exemplo as mamadas não nutritivas. O estímulo de sucção diminui gradualmente durante os 10 minutos após a refeição e é independente também do nível de saciedade. Portanto, sugere-se aos produtores que fazem o aleitamento dos animais utilizando bicos que não cortem ou alarguem a abertura dos mesmos, na tentativa de economizar tempo na operação de aleitamento.

Mais informações: 

Telefone: (17) 3011-5630

WhatsApp (17) 99635-0746 

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