As pastagens são a base alimentar da produção de carne e leite em nosso País. No entanto, a disponibilidade de forragem apresenta irregularidades durante o ano, seja pela estacionalidade de produção das espécies ou influência das chuvas. No RS, temos dois períodos críticos, chamados “vazios forrageiros” e que acontecem na transição entre as pastagens de estação quente e de estação fria e vice-versa.
A silagem e o feno são as principais estratégias utilizadas no estado para enfrentar esses períodos. O feno, geralmente, é elaborado de azevém, aveia, alfafa ou tifton, enquanto a silagem é feita principalmente de milho. Em 2015, a Embrapa lançou uma cultivar de capim-elefante (Pennisetum purpureum), denominada BRS Capiaçu (Figura 1), desenvolvida pelo programa de melhoramento da Embrapa Gado de Leite, com objetivo de proporcionar uma alternativa para suplementação volumosa. A cultivar pode ser usada como capineira (cortada e servida aos animais no cocho) ou para produção de silagem.
A planta tem porte elevado, touceiras eretas, com folhas largas, compridas, de cor verde e nervura central branca. Os colmos são grossos, com internódios compridos e de cor amarela. Possui alta densidade de perfilhos basais e o florescimento é tardio. A propagação deve ser através de colmos, sendo que o destaque dessa cultivar deve-se à resistência ao tombamento, ausência de pelos, touceiras eretas e densas e a facilidade de colheita mecânica.
O potencial de produção de biomassa pode chegar a 50 t/ha/ano de matéria seca, superando o milho e a cana-de-açúcar. Além disso, possui tolerância ao estresse hídrico, sendo uma ótima opção para regiões com risco elevado de veranicos. O cultivo deve ser instalado em solo bem drenado, fértil e com boa profundidade, preferencialmente facilitando a mecanização e, quando possível, a irrigação. Várzeas úmidas ou sujeitas a alagamentos devem ser evitadas. Se o pH do solo não estiver corrigido, deve ser feita a calagem de acordo com a análise de solo. O preparo deve ser convencional e o plantio em sulcos com 20 a 30 cm de profundidade, com espaçamento de 0,8 m a 1,20 m, e, no mínimo, 1,0 m para colheita mecanizada. A adubação de base deve ser feita de acordo com a análise de solo e as recomendações.
A produção de biomassa pode chegar a 100 t/ha/corte de massa verde e até 300 t/ha/ano em três cortes anuais. Esse potencial pode superar em torno de três vezes a cultura do milho e sorgo. Para servir como capineira os cortes da forragem devem ocorrer entre 50 a 70 dias de crescimento. Com cerca de 50 dias de crescimento, atingindo 2,4 m de altura pode produzir cerca de 54,3 t/ha de matéria verde (MV) e 5,1 t/ha de matéria seca (MS).
Para produção de silagem a idade de corte deve ser de 90 a 110 dias de crescimento, com a planta mais madura e menor conteúdo de água, estando com cerca de 3,6 a 4,1 m de altura, podendo produzir cerca de 108,5 a 112,2 t/ha/corte de matéria verde e de 17,5 a 22,5 t/ha de matéria seca.
Embora o teor de proteína bruta (PB) da silagem de BRS Capiaçu seja menor que o da silagem de milho e sorgo e superior à silagem da cana-de-açúcar e os teores de energia (NDT) sejam menores que os das demais silagens, deve-se observar que a capacidade de produzir proteína e energia por área de cultivo é maior no BRS Capiaçu, devido ao maior potencial produtivo.