Nesse sentido, a escolha dos animais que formarão o rebanho é fundamental. Essa definição depende diretamente do sistema de produção que será adotado e como o gerenciamento desta produção será feito na fazenda.
Para garantir a eficiência produtiva e a qualidade do leite, é necessário conhecer as raças de vaca leiteira antes de fazer a sua escolha. Como a produtividade não depende apenas dessa característica, há fatores que não podem ser ignorados.
Assim, o primeiro passo é avaliar as opções de acordo com o perfil da propriedade e de seus objetivos. Isso porque não há uma fórmula pronta de qual a melhor raça de vaca leiteira e como esta se adapta em diferentes locais. O que interessa é ter um animal eficiente, com alta produtividade e saudável vivendo bem no seu sistema de produção.
O tamanho da vaca leiteira importa?
Em um sistema mais intensivo, em que o objetivo é a produção máxima possível, vacas leiteiras com maior porte são mais indicadas. Quando o sistema é menos intensivo, a preferência é por vacas medianas, a produção é um pouco menor, mas há ganho na facilidade de manejo e vida útil.
Importante lembrar que o sistema de produção adotado deve passar por ajustes e correções com o passar do tempo. Logo após a primeira análise do desempenho da vaca leiteira, é necessário reavaliar as rotinas praticadas na propriedade, visando o melhor desempenho do rebanho.
Apesar de não haver uma resposta definitiva sobre qual raça de vaca leiteira é melhor, separamos características de cada uma delas para que você possa escolher a ideal para a sua realidade e necessidade.
Qual vaca leiteira é mais comum em cada região do Brasil?
Como já dissemos, o local onde a propriedade está localizada influencia diretamente na produtividade da vaca leiteira. Isso porque cada raça se adapta melhor a um certo clima, alimentação disponível e sistema de produção utilizado.
O Brasil é um país grande e cada região tem suas particularidades. Solo, temperatura ambiente e sistemas aplicados nas fazendas são diferentes em cada estado do país. Para chegar a ser o terceiro maior produtor de leite do mundo, foi preciso muitas adaptações.
Em sistemas de produção mais intensivos, um dos animais mais utilizados são as vacas leiteiras da raça Holandesa. Entretanto, a Holandesa exige uma atenção maior quanto ao clima do ambiente que está inserida.
Como a raça é originária de países de clima mais frio, a vaca leiteira holandesa não se adapta tão bem às regiões mais quentes do Brasil. Locais com grandes alterações climáticas e que possuem pastagens de produtividade sazonal também não são indicadas para essa raça.
Já a vaca leiteira da raça Jersey é mais adaptável. Apesar de também ter origem europeia, esses animais têm elevada tolerância ao calor, mantendo a produção de leite alta.
Para as regiões brasileiras que possuem um clima mais árido, a principal raça de vaca leiteira é a Gir. São animais que se adaptam bem a altas temperaturas e a umidade do ar.
As vacas Gir expressam seu potencial produtivo com menos alimento e sofre menos com a restrição alimentar. Um detalhe importante é que essa raça é mista: é boa tanto para a produção de leite quanto para a de carne.
Uma das raças mais antigas de vaca leiteira é o Pardo-Suíço. Apesar de ter sua origem no sudeste da Suíça, apresenta uma boa tolerância ao calor. Mesmo assim, a maior concentração de rebanhos desta raça estão nas regiões sul e sudeste.
Entretanto, a maioria dos rebanhos no Brasil é formada por animais mestiços. Segundo a Embrapa Gado de Leite, 70 % da produção de leite no Brasil são oriundas de vacas leiteiras mestiças Holandês-Zebu, com a raça holandesa predominante.O cruzamento mais comum é entre Holandês e Gir, mais conhecido como Girolando. Depois, o cruzamento entre Guzerat e Holandês, o Guzolando.
Os mestiços apresentam grande diversidade em termos de níveis de produção, se adaptando a diversos sistemas de produção nas cinco regiões do Brasil. Devido ao clima semi-árido da região nordeste, a presença de vaca leiteira mestiça nesses estados é ainda maior.
Conheça as principais raças de vaca leiteira presentes no Brasil
Como já dissemos, existem diferentes tipos de raças de vaca leiteira na produção em solo brasileiro. A definição de uma raça mais apropriada para cada propriedade depende das necessidades e objetivos do produtor.
Para que você consiga identificar qual a mais indicada para a sua realidade, separamos as características das principais raças. Veja abaixo:
- Holandesa
A raça holandesa é a mais comum no sistema leiteiro devido a sua alta produtividade (6 a 10 mil kg em 305 dias de lactação). Vacas holandesas de alta produção, geralmente de exposição, chegam a produzir 62kg/dia, considerando 305 dias de lactação.
Com pelagem branca e preta ou branca e vermelha, tem úbere com grande capacidade e boa conformação. As novilhas podem ter sua primeira cria aos dois anos de idade e os bezerros costumam nascer com 38 kg. É muito utilizada em cruzamentos, transmitindo excelentes atributos às novas linhagens.
Como dissemos acima, a raça holandesa exige uma atenção maior quanto ao conforto e manejo para a sua produção. A vaca leiteira não se adapta bem às regiões quentes do Brasil ou com pastagens sazonais. São animais recomendados para sistemas de média e alta produção.
- Jersey
As vacas Jersey são mais precoces, produzindo lucro com a venda do leite, a uma idade mais jovem do que as de outras raças.
Durante os períodos de estresse causados pelo calor, a produção de leite varia menos com o gado Jersey do que com as outras raças, e o aparecimento do cio também é menos afetado.
A vaca leiteira da raça Jersey é de pequeno porte e com pelagem que vai do amarelo-claro ao pardo escuro. O úbere é quadrado, bem irrigado, volumoso, com tetos pequenos e espaçados. É a mais precoce das vacas leiteiras, já que não há muita dificuldade no parto, a primeira inseminação pode ser feita entre 11 e 12 meses. Com alta produção a Jersey produz cerca de 18 a 20 litros de leite por dia em média.
Tem grande tolerância ao calor. Por isso, é comum em quase todos os países produtores de laticínios e se adapta facilmente na maioria dos estados do Brasil, principalmente nos da região sudeste.
Por ser menor, a vaca leiteira possibilita que o produtor tenha mais animais por hectare e com menos energia para o seu sustento, o que diminui o custo na alimentação. Também são menos vulneráveis a desgastes nos membros e tem temperamento dócil.
- Girolando
A Girolando é uma raça genuinamente brasileira. Resultado do cruzamento de Gir com Holandesa, tem alta produção de leite (média de 5.061 a 5.671 kg em 305 dias).
Desta mistura herdou-se alta produtividade, rusticidade, precocidade, longevidade e fertilidade, além da alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de manejo e clima. Ela têm uma capacidade de auto-regulação da temperatura corporal, permitindo a produção de leite em alto nível, mesmo nas condições tropicais brasileiras.
Os bezerros Girolando possuem grande velocidade de crescimento, atribuídos à habilidade materna, à herança genética, à rusticidade e à precocidade. Apresentam boa saúde desde o nascimento, fator crucial para o sucesso da criação
- Gir Leiteiro
A vaca leiteira da raça Gir tem uma produtividade média de 3.254 kg em 305 dias.
São animais de grande porte, com pelagem variada e úbere e tetos pendulosos.
O Gir Leiteiro adapta-se bem a altas temperaturas e umidade do ar, tem grande capacidade de converter pastagens em leite, tornando o custo de produção da atividade mais baixo do que os animais confinados. Por apresentar maior rusticidade e resistência a raça destaca-se pela resistência a endo e ectoparasitas.
Expressa seu potencial produtivo com menos alimento e sofre menos com a restrição alimentar, pois sua exigência, seu índice de metabolismo e de ingestão de alimentos é mais baixo em relação às raças taurinas, sendo necessário menor reposição alimentar.
A raça tem longevidade reprodutiva e produtiva, além de ser a linhagem indiana mais utilizada nos cruzamentos.
- Pardo-Suíço
A vaca leiteira da raça Pardo-Suíço possui uma boa produção de leite, tendo uma média de 25,70kg/dia. As fêmeas apresentam média de idade ao primeiro parto de 29 meses.
Com pelagem que varia do pardo claro ao cinza escuro, possui úbere bem desenvolvido, com tetos médios e de boa inserção.
A Pardo Suíço possui altas taxas de longevidade, fertilidade e um ventre bem desenvolvido, além de transmitirem facilmente suas características nos cruzamentos entre linhagens, é reconhecida em todo o mundo por sua capacidade de adaptação, principalmente nas regiões de clima quente.