O Manejo de Pastagens e seus desafios
A produção de pastagens é alta na época das chuvas e baixa na seca ou estiagens prolongadas. Essa queda de produtividade é o que chamamos de estacionalidade da produção. Por isso, é importante fazer um planejamento alimentar anual para ter uma produção satisfatória durante todo o ano.
Nele devem ser alinhadas às metas produtivas do rebanho, adotando quais previsões para pastagens de inverno, de verão e suplementação volumosa. Mas, fazer isso nem sempre é fácil sem a ajuda de um controlador de dados eficiente!
Afinal o desafio é justamente entender a combinação de técnicas capazes de equilibrar os dois principais fatores conflitantes de produção que são:
- A exigência nutricional do animal sob pastejo; para manter a qualidade do produto final
- Exigência fisiológica da planta forrageira; para alcançar e manter elevada produtividade.
Estes dois fatores são essenciais para que sejam atingidos resultados satisfatórios na produção de leite.
A produtividade de vacas leiteiras que têm sua base alimentar vinda de pastagens é proporcional ao consumo de nutrientes digestíveis. Este consumo é impactado principalmente pela disponibilidade de forragem de qualidade, então fique atento aos teores de proteína bruta e de frações fibrosas que seu rebanho consome.
A Atividade Leiteira no inverno
Você sabia que na estação de “seca”, outono-inverno, as baixas temperaturas e poucas chuvas, limitam a produção das forrageiras?
Mas a tecnologia pode estabilizar essa situação!
A estacionalidade da produção é considerada como um período sazonal crítico, já que é nessa época que as pastagens costumam ficar escassas e de baixa qualidade. Isso compromete a oferta de forragem e consequentemente, a produção de leite. Por essa razão, é comum que haja até um decréscimo no volume do litro de leite produzido por vaca.
Surge assim, a necessidade de se buscar estratégias que possibilitem o aumento da produção de forragem disponível para os animais no inverno. É importante ficar atento aos movimentos possíveis para contornar essa situação, conhecendo cada vez mais sobre espécies forrageiras e suas aplicações.
Técnicas de uso das pastagens de inverno
O uso de pastagem de inverno se apresenta como uma alternativa tecnológica capaz de otimizar a produção forrageira no período hibernal. Se comparadas às forragens convencionais os impactos positivos dessa técnica são diversos. Elas:
- Reduzem da estacionalidade da produção
- Produzem bem sob as condições ambientais dessa época do ano
- Demandam menor suplementação volumosa, e consequentemente, apresentam uma resposta produtiva maior.
Para elevar os níveis de produção de leite nesse período menos produtivo das pastagens, deve-se garantir uma oferta adequada ao número de animais considerando a quantidade e qualidade da forragem.
Além dos benefícios acima, elas também podem ser utilizadas em consórcio com as espécies de verão, sob a técnica de sobressemeadura.
A Sobressemeadura
A técnica de sobressemeadura consiste na produção simultânea de uma cultura forrageira anual em uma área já ocupada por outra cultura perene. Essa cultura aproveita o período do inverno em que a forragem perene está dormente ou pouco produtiva.
Uma sobressemeadura pode ser realizada em áreas cultivadas com qualquer pastagem de verão, sem problemas. O pasto deve ser rebaixado nos dois momentos de transição (estabelecimento das pastagens de inverno e retorno das pastagens de verão), para minimizar a competição.
ATENÇÃO: É importante garantir também que haja um bom manejo desse solo. Cuidando para que os níveis de fertilidade e acidez estejam regulados.
É uma prática já bastante utilizada nas regiões Sul, Sudeste, e parte da região Centro-Oeste do país. Já nas regiões Norte, Nordeste e no norte da região Centro-Oeste, a principal limitação é pela falta de chuvas, então, se irrigadas, as gramíneas tropicais tendem a produzir bem. No momento da escolha de espécies, é importante buscar aquelas mais adaptadas a região, com menor exigência hídrica, por exemplo.
Dicas importantes para a aplicação da sobressemeadura
Alguns cuidados são essenciais para que se obtenha o resultado esperado, são eles:
- A escolha cuidadosa do cultivar que será utilizado, adaptado à região;
- O uso de sementes certificadas de boa qualidade;
- A adequação da fertilidade do solo de acordo com a exigência do cultivar;
- A semeadura na época correta, quantidade e profundidade de sementes adequadas;
- Redução e controle da competição com a cultura existente;
- Manejo minucioso da espécie escolhida e dimensionamento adequado do regime de irrigação.
Espécies de pastagens de inverno mais cultivadas no Brasil:
Estas pastagens podem ser utilizadas em monocultura, sobressemeados com a cultura perene já existente, ou em consórcio. O cultivo em consorciação tende a prolongar o período de pastejo no inverno, associando os picos de produção de matéria seca das duas espécies e aumentando a produtividade animal nessa época do ano.
Gramíneas anuais Aveia Preta e Aveia Branca
A aveia é considerada rústica, tolerante à seca e com elevada produção de matéria seca, mesmo em solos menos férteis. Tais espécies se fortaleceram como pastagem de inverno pela grande flexibilidade de uso.
Permitem pastejo direto contínuo ou rotativo, armazenamento como feno ou silagem, e se usadas como cobertura morta ou cultura em rotação beneficiam grandemente as culturas consecutivas.
Azevém
O azevém é uma gramínea anual de alta produção e qualidade de forragem. Por ser adaptada aos solos de várzea, tem boa resistência ao pastoreio, suporta altas lotações, possui baixo custo de sementes. Além de se estabelecer rapidamente e possuir tolerância ao frio e a doenças e auxiliam no controle de plantas daninhas
Resultados Esperados
Segundo a literatura, vacas leiteiras pastejando aveia e azevém sobreplantados, sem suplementação, manejadas com alta oferta de forragem permitindo elevado consumo individual de matéria seca, tem produção de leite superior a 20 kg/dia. Para cada kg de matéria seca de forragem oferecida a mais, a produção de leite aumenta 0,2 kg/vaca.dia. O aumento na produção é de 0,8 kg de leite por kg de matéria orgânica digestível ingerida.
Melhores resultados são observados em áreas cultivadas com Cynodons e Panicums, por serem exigentes em fertilidade e manejo adequado, assim como as espécies de inverno.
Outras espécies de pastagens de inverno menos utilizadas no Brasil:
- Centeio,
- Triticale,
- Cornichão,
- Trevo branco.
Estas espécies são mais utilizadas na região Sul do país, onde as temperaturas são muito baixas. Mas isso não significa que não garantam produtividade ou ganho de peso também. É sempre importante ressaltar que a escolha da espécie deve ser de acordo com as características da região: clima, tipo de solo, temperatura, umidade, radiação solar, entre outros.
Com o uso de pastagens de inverno, tem-se o aumento da matéria seca disponível nesta estação, melhor qualidade nutricional da dieta das vacas em lactação, consequentemente, o aumento na produção de leite por animal e redução dos custos de produção. Temos ainda um melhor controle de plantas invasoras e redução do uso de concentrados e volumosos armazenados.