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As 7 doenças que mais acometem a Recria e a Engorda

Botulismo

botulismo bovino, também conhecido como “doença da vaca caída”, tem incidência em várias regiões do país. Esta é responsável por grande queda no rendimento da produção e até mesmo a morte dos animais. Tal doença é causada pela ingestão e absorção intestinal de toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. Afeta diretamente animais que vivem em pastagens carentes de fósforo ou suplementação inadequada e é considerada como um tipo de intoxicação.

É considerada uma doença sem cura em caso de animais que apresentam alto índice de intoxicação. Portanto, não há um tratamento efetivo que possa impedir o óbito. Sendo assim, a prevenção ainda é a melhor saída contra o botulismo.

O controle do botulismo é realizado através de medidas preventivas, já que o tratamento dos animais enfermos geralmente não é eficaz e de alto custo. As medidas preventivas adotadas estão relacionadas a:

  • melhoria das condições ambientais e sanitárias como eliminação de fontes de contaminação nas pastagens através da remoção e incineração de carcaças;
  • manejo nutricional adequado e suplementação mineral permanente dos animais, como a correção da deficiência de fósforo nas pastagens;
  • vacinação de todo o rebanho com toxoides botulínicos presentes em diferentes vacinas comerciais. A vacinação deve ser feita anualmente, antes do período das chuvas, sendo que a primeira imunização deve ser seguida de reforço quatro a seis semanas após a primeira dose. Em algumas situações, como na criação extensiva de bovinos, esta é considerada a principal medida de controle do botulismo, devido aos custos elevados e dificuldades operacionais para a realização das outras medidas preventivas citadas anteriormente.

Brucelose

brucelose é uma doença causada por uma bactéria chamada Brucella abortus. É infectocontagiosa, de evolução crônica e caráter granulomatoso típico, podendo ser transmitida ao homem por meio do leite cru e seus derivados.

Os sintomas mais encontrados nos animais acometidos por essa afecção são os abortos nos estágios finais da gestação; esterilidade temporária; aumento do intervalo de partos; nascimentos prematuros; queda na produção de leite; febre; mastite; perda de peso; inchaços nos testículos; entre outros.

A brucelose pode ser transmitida de um animal para o outro por meio da conjuntiva, úbere, pele intacta, ingestão de pastagem ou silagem contaminada, secreções, aguadas e águas contaminadas.

O seu controle consiste na vacinação das novilhas de três a oito meses de idade, bem como fazer um diagnóstico sorológico dos animais.  Além disso, deve-se fazer o controle de trânsito dos animais interno e externo. Além disso, é muito importante usar luvas descartáveis ao manejar os animais contaminados; não comercializar leite e derivados sem inspeção; marcar as bezerras (na faixa de três a oito meses) a ferro, no lado esquerdo, com um V, ao lado do último número do ano em que se está vacinando para realizar melhor controle.

Tuberculose

tuberculose bovina é uma doença infectocontagiosa crônica, que causa prejuízos à pecuária e representa uma barreira econômica e riscos à saúde pública (ingestão de leite contaminado). A sua transmissão acontece por uma bactéria chamada Mycobacterium bovis, da família Micobacteriaceae

A transmissão ocorre por meio de gotículas em suspensão, bem como inalação de pó com o bacilo. Quando abrigada em locais com incidência de luz, podem sobreviver por vários meses, enquanto nas pastagens, sobrevivem por até dois anos.

Os bezerros podem adquirir o microrganismo ao ingerirem leite infectado. A taxa de morbidade em bovinos situa-se em torno de 8 a 10% e a letalidade natural pode chegar a 50%.

Existem duas subformas da doença, quando a mesma se encontra em estágio generalizado:

  • Miliar: quando ocorre de forma abrupta e maciça, sendo encontrado elevado número de bacilos circulantes;
  • Protraída: esta é a mais comum; a disseminação ocorre por via linfática ou sanguínea, atingindo pulmão, linfonodos, úbere, ossos, rins, sistema nervoso central, disseminando-se por, praticamente, todos os tecidos.

O teste cervical simples e o teste confirmatório cervical comparativo são as principais medidas sanitárias a serem adotadas. Além desses procedimentos, o abate dos animais reagentes positivos deve ser feito, bem como autorização da movimentação dos animais na propriedade, somente mediante atestado negativo à enfermidade. Animais com mais de 6 semanas fazem teste anual, sendo que os positivos devem ser isolados e descartados.

Limpeza e desinfecção do ambiente e exames clínicos em todos os animais e tratadores da propriedade deve ser realizado de maneira periódica.  Não há recomendação de tratamento para tuberculose em bovinos. A maioria dos casos não responde ao tratamento e contribui para o surgimento de cepas resistentes, além da eliminação de medicamentos no leite.

Febre aftosa

febre aftosa acomete os bovinos, sendo transmitida por um vírus pertencente ao gênero Aphtovirus da família Picornaviridae. Sendo importante salientar que o vírus da febre aftosa dificilmente acomete o homem.

Em relação à sintomatologia, inicialmente os animais têm febre, falta de apetite e pápulas. Em seguida, as pápulas se transformam em pústulas, em vesículas que se rompem, dando origem a aftas na língua, lábios, gengivas e cascos. Dentre as regiões que podem ser acometidas estão a boca, a língua, o estômago, os intestinos, a pele em torno das unhas e na coroa.

Esses sintomas debilitam muito o bovino, que baba muito, com dificuldade de se alimentar e se locomover. Além da produção de leite diminuir, o animal debilitado fica exposto a outras doenças. Mesmo em casos que os animais se curam, os mesmos tornam-se portadores convalescentes assintomáticos e colocam em risco, novamente, o rebanho após a perda da imunidade por nascimento ou por compra de animais suscetíveis.

O controle da febre aftosa é realizado por meio de vacinação obrigatória. A vacinação deve ser semestral e abranger todos os animais em um período de 30 dias contínuos; vacinação semestral de animais com até 24 (vinte e quatro) meses e, anualmente, para animais com mais de 24 meses de idade, em um período de 30 dias contínuos. Esta estratégia pode ser adotada apenas nos estados onde o registro das propriedades rurais está consolidado e onde tenha sido realizada a vacinação semestral por, pelo menos, dois anos consecutivos, observando-se um grau de cobertura da vacinação superior a 80%.

Doença digital bovina (DDB)

As doenças digitais apresentam grande variação clínica e resultam em inúmeros prejuízos aos criatórios, levando principalmente ao descarte prematuro, diminuição da produção de leite, perda de peso, redução da fertilidade e aos altos custos dos tratamentos.

Está associado ao manejo dos animais, visto que o manejo intensivo (dietas ricas em carboidratos, falta de apara dos cascos e pisos úmidos e ásperos) é o principal ponto associado ao surgimento da doença. Entretanto, também há influência de fatores genéticos no surgimento dessa afecção. Tem-se observado um aumento da incidência dessas doenças nas épocas chuvosas ou, excesso umidade nos locais de permanência dos animais.

É inevitável que haja a contaminação bacteriana da lesão, especialmente pela Fusobacterium necrophorus e Dichelobacter nodosus, podendo aumentar a severidade do quadro por miíases. Em casos onde o tratamento é inadequado, pode haver uma infecção e inflamação generalizada do dígito, resultando em pododermatite séptica ou pododermatite necrótica.

Os sinais clínicos mais observados são claudicação de intensidade variada; relutância em se locomover; postura de falsa cifose para distribuir o peso do corpo à posição mais confortável e marcha em passadas curtas caracterizaram a lesão na fase inicial da doença como uma inflamação interdigital altamente infecciosa.

Para a prevenção e controle desta enfermidade é importante construir pedilúvios nas entradas e saídas das instalações dos animais. Manter sempre os pedilúvios abastecidos com soluções antissépticas. Evitar o acesso e permanência dos animais em pastos e instalações excessivamente úmidas. Deve-se evitar a introdução de animais com problemas nos cascos ou provenientes de rebanhos com histórico de pododermatite.

O tratamento da doença digital bovina é baseado na limpeza e higienização diária dos cascos afetados e utilização de antibióticos sistêmicos e/ou locais. Para evitar a disseminação da doença no rebanho, os animais doentes devem ser isolados em locais secos e tratados. O tratamento deve se possível, ser realizado no estágio inicial da doença para evitar a cronicidade das lesões. Nos animais criados extensivamente, deve-se fazer o casqueamento, duas vezes ao ano, no início ou final da época seca como medida profilática.

Doença respiratória Bovina (DRB)

O complexo das doenças respiratórias dos bovinos é o resultado de uma ruptura do equilíbrio entre as defesas naturais do animal e os fatores externos que favorecem a doença.  Entre as doenças respiratórias que acometem os bovinos, as pneumonias são as mais frequentes e de maior gravidade, com quadros clínicos variando de crônicos até agudos e fatais.

Entre os fatores ambientais e de manejo que favorecem a ocorrência da enfermidade estão a superlotação, mistura de animais de diferentes idades e níveis imunológicos no mesmo lote, calor ou frio excessivo, elevada umidade relativa, instalações com ventilação deficiente, concentrações elevadas de poluentes e patógenos.

A doença geralmente se inicia por uma infecção viral primária e muitas vezes é seguida por infecção bacteriana, resultando em pneumonia.

Dentre as espécies de bactérias comumente citadas e mais preocupantes estão a Pasteurella (Mannheimiahaemolytica, Pasteurella multocida e Histophilus somni (antigamente Haemophilus sommus).

Os sintomas dos animais acometidos pela doença respiratória bovina podem variar desde leves até a morte. Entretanto, DRB é frequentemente identificada por meio de depressão, perda de apetite, corrimento nasal e ocular, letargia, dificuldades respiratórias, febre, ou qualquer combinação destes.

Em relação a prevenção é considerado que o mais importante é reduzir os fatores de estresse e vacinar os animais contra vírus e bactérias que mais frequentemente provocam a doença, garantir rigorosa higiene ambiental e evitar fatores de risco e condições estressantes como manipulações desnecessárias dos animais e superpopulação; garantir que os recém-nascidos recebam o colostro nas primeiras horas de vida.

Carrapatos

Rhipicephalus (Boophilus) microplus é conhecido como o carrapato dos bovinos e está presente em todo o Brasil. O hospedeiro principal deste carrapato é o bovino e a presença do mesmo nos rebanhos pode acarretar grandes perdas econômicas. Os prejuízos causados por este ectoparasita estão associados com a perda de peso, baixa conversão alimentar, redução na produção de leite, perdas na qualidade do couro, toxicoses, lesões de pele que favorecem a ocorrência de miíases, anemia e transmissão de agentes patógenos que provocam graves enfermidades, como a babesiose e a anaplasmose.

O tratamento de combate aos carrapatos pode ser realizado via carrapaticida, via tratamento curativo e via tratamento racional. O tratamento por carrapaticida consiste em controle do R. (B.) microplus, que no Brasil é realizado principalmente na fase parasitária, através do emprego de diversos grupos químicos e o uso de carrapaticidas, sendo essa a principal medida para o combate do carrapato.

Os tratamentos podem ser separados em dois tipos: tratamento curativo e tratamento racional. O tratamento curativo se baseia na aplicação de carrapaticidas após a constatação de carrapatos no animal. Este tipo de tratamento é o mais utilizado no Brasil, porém é o menos eficaz podendo acelerar o aparecimento de resistência. O produtor que realiza o tratamento apenas com o objetivo de “curar” os animais geralmente não tem conhecimento da epidemiologia e de quais são as características do ciclo do carrapato. Já o tratamento racional é baseado no conhecimento do ciclo do carrapato, com o objetivo de diminuir a população de carrapatos nos bovinos e na pastagem. O controle estratégico consiste na concentração dos tratamentos em determinadas épocas do ano. Este programa de controle quando realizado corretamente diminui a quantidade de tratamentos e, consequentemente, reduz tanto os gastos com carrapaticidas quanto a probabilidade do estabelecimento da resistência.

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