A monensina sódica é uma aditivo não alimentar que pode ser incluído em dietas de gado leiteiro. Ela provoca alterações na flora ruminal, resultando em maior produção de ácido propiônico, em detrimento do acético, e diminuição das perdas de fermentação (especialmente gás metano). Dessa forma a eficiência energética da dieta é aumentada.
Seu efeito já é bastante reconhecido em animais em crescimento e engorda e, recentemente, maior número de trabalhos vêm sendo realizados com vacas em lactação. Neste sentido, foram conduzidos dois experimentos de longa duração acompanhados pelo Centro de Pesquisas Leiteiras do Departamento de Agricultura da Inglaterra.
No primeiro, 60 vacas foram alimentadas individualmente durante uma lactação completa. A dieta era à base de silagem de milho (50%), silagem de capim (13,4%), concentrado (21,5%), grãos de trigo tratados com hidróxido de sódio (11,8%) e melaço (3%). Os tratamentos que iniciaram na 7a e se estenderam até a 20a semana de lactação foram: 0, 150, 300 e 450 mg de monensina por dia.
No segundo, 98 vacas alimentadas em grupos receberam 0 ou 300 mg de monensina por duas lactações consecutivas. Nas lactações 1 e 2, o tratamento iniciou-se respectivamente na 8a e 3a semanas antes do parto e se estendeu até a 32a semana de lactação.
Nos dois experimentos foram avaliados a produção de leite (médias semanais de pesagens diárias); teores de gordura, proteína e lactose além da condição corporal. No segundo experimento também foram avaliadas as concentrações sangüíneas de (-hidroxibutirato, acetoacetato e glucose antes do parto e nas semanas 2, 4, 6, 8 10 e 12 da lactação. Valores de energia líquida para o leite e manutenção foram estimados para calcular a eficiência energética.
Os principais resultados do experimento 1 encontram-se abaixo.
Tabela 1: Médias de consumo de matéria seca e dados produtivos – Experimento 1
Como pode ser observado, houve um aumento significativo da produção de leite nos animais tratados com 150 e 300 mg de monensina, que produziram respectivamente 2,8 e 2,5 kg a mais de leite/dia. Os teores de gordura e proteína do leite caíram. Porém, em função do aumento da produção, a produção total destes componentes não apresentou diferença entre os tratamentos. Houve ainda diferença significativa na conversão alimentar (produção/ingestão de alimentos), com valores superiores para os animais tratados. Não houve diferença na eficiência energética.
A tabela 2 apresenta os principais resultados produtivos do segundo experimento.
Tabela 2: Resultados produtivos do uso da monensina – Experimento 2
Neste segundo experimento houve um incremento apenas numérico na produção de leite (não significativo) da ordem de 0,8 e 1,1 kg de leite/dia, respectivamente nas lactações 1 e 2. Os teores de gordura e proteína tiveram um decréscimo como no primeiro experimento mas, novamente, não houve diferença significativa da produção total destes componentes.
No segundo experimento foram avaliados também os teores de b-hidroxiburirato, acetoacetato e acetoacetato sangüínea. Os resultados são apresentados na tabela 3.
Tabela 3: Valores médios de b-hidroxiburirato, acetoacetato e glucose
Na segunda lactação do experimento 2, o uso da monensina antes do parto diminuiu a concentração de b-hidroxibutirato nas semanas 2 a 4 (P<0,001) e 6 a 8 (P<0,01) após o parto. A monensina também reduziu (P<0,05) os valores de acetoacetato nas semanas 2 a 4 após o parto e aumentou os valores de glucose nas semanas 2 a 4 (P<0,05) e 6 a 8 (P<0,001) após o parto. Todavia, nenhuma diferença foi observada nestes metabólitos nas semanas 10 a 12. Estes valores são indicativos de um melhor balanço energético para os animais tratados no início da lactação, sendo normalmente associados à diminuição na incidência de cetose clínica e sub-clínica.
Estes dados, obtidos através de experimentos de longa duração, apresentam resultados semelhantes a outros realizados em várias partes do mundo, com parâmetros sanguíneos indicando melhora no balanço energético do animal e respostas em produção de leite que, segundo revisão dos autores varia de 0,5 a 2,9 kg/dia. Também é consistente a diminuição dos teores de gordura e proteína do leite que, com freqüência são compensados por uma maior produção.