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O que é timpanismo ruminal e como tratá-lo?

O timpanismo ruminal, também conhecido como empanzinamento e meteorismo ruminal, é uma doença comum em animais ruminantes e caracteriza-se pela distensão acentuada do rúmen e retículo (compartimentos do estômago dos ruminantes), causada pelo acúmulo excessivo de gases provenientes da fermentação ruminal e pela incapacidade do animal em expulsar os gases produzidos através mecanismos fisiológicos normais, que acarreta um quadro de dificuldade respiratória e circulatória, com asfixia e morte do animal.


Causas do timpanismo ruminal


Segundo Pacífico Antônio Diniz Belém, professor do Curso CPT Enquanto o Veterinário não Chega – Atendimento a Bovinos, “As causas da doença estão associadas com a ingestão de leguminosas, como alfafa e os trevos, em áreas de pastejo ou quando estas são oferecidas na forma de feno ou silagem, ou ainda com a ingestão excessiva de grãos de fácil fermentação como já foi descrito na acidose ruminal”. A ingestão excessiva de leite também pode causar timpanismo em bezerros.


O que acontece quando um bovino está com timpanismo ruminal?


Durante a digestão, há uma produção natural de gases no rúmen e certas proteínas presentes em leguminosas (alfafa, trevo e outros) como saponinas e pectinas, aumentam a viscosidade do líquido ruminal, ocorrendo a formação de uma espuma densa, pela mistura de gás com o conteúdo sólido e líquido do rúmen.

As bolhas de gases presentes na espuma persistem por longos períodos dispersas e, apesar dos movimentos contínuos do conteúdo ruminal, estas não se desfazem, impossibilitando sua eliminação, levando à distensão do rúmen até a sua capacidade máxima em função da contínua produção de gases.

Esta é a principal forma de timpanismo em ruminantes e resulta no acúmulo de gás na forma de bolhas, sendo denominado de timpanismo espumoso.

Com a ingestão de grandes quantidades de produtos altamente fermentáveis, em um curto espaço de tempo, leva à formação de grandes volumes de ácidos graxos voláteis resultantes do processo de fermentação pela microflora ruminal, o pH ruminal baixa, fazendo com que a produção gases seja acelerada e acumulada no rúmen por falhas no sistema de eructação (eliminação natural de gases) provocando o timpanismo gasoso.

O timpanismo gasoso é, geralmente, secundário à ingestão excessiva de grãos na dieta e tem, em grande parte, causas semelhantes àquelas da acidose ruminal.


Sintomas do timpanismo ruminal


No timpanismo agudo há uma rápida evolução do quadro clínico decorrente do aumento do volume ruminal. A excessiva pressão intrarruminal leva a uma distensão do flanco esquerdo e causa uma situação de desconforto para o animal, que faz com que o mesmo pare de se alimentar e apresente sintomas de dor abdominal, escoiceando o ventre e emitindo grunhidos.

A frequência respiratória aumenta e é acompanhada de respiração oral, exteriorização da língua, salivação, extensão do pescoço e distensão dos membros.

Os movimentos ruminais estão aumentados nas fases iniciais, diminuindo então de intensidade, chegando até a parada total em função da distensão acentuada do rúmen.

O quadro evolui para a queda do animal, com a cabeça distendida, boca aberta, língua para fora e olhos dilatados. A morte ocorre após algumas horas do início dos sintomas.


Diagnóstico do timpanismo ruminal


Deve ser baseado nos sintomas apresentados pelo animal e no histórico de alimentação com dietas precursoras de timpanismo. Em alguns animais superalimentados, a distensão de fossa paralombar pode não ser tão evidente.


Tratamento do timpanismo ruminal


O tipo de tratamento a ser feito varia de acordo com o tipo de timpanismo e o grau de severidade do caso. Muitas vezes os sintomas só são observados em condições avançadas, quando se torna necessário o uso de medidas de emergência para que se consiga salvar o animal. O tratamento no caso do timpanismo espumoso deve visar a expulsão dos gases e a redução da estabilidade da espuma.

O uso de sonda orogástrica, que é colocada pela boca do animal e que vai até o estômago, pode ser útil para expulsar algum gás, antes que seja obstruída pela espuma e por restos alimentares.

Quando não se faz possível o alívio com o auxílio da sonda, deve-se optar pelo uso do trocáter (agulha de grandes proporções, utilizada para escape dos gases) na fossa paralombar esquerda ou, em último caso, da abertura cirúrgica do rúmen (rumenotomia).

No caso do uso de sonda ou trocáter, após o alívio da pressão no rúmen, devem ser administrados, via sonda ou no local da trocaterização, óleos, antifermentativos e laxativos, visando reduzir a estabilidade da espuma e facilitar a eliminação da ingesta.

O tipo de óleo não é importante, visto que a maioria dos óleos vegetais e minerais mostram-se eficazes, na dose de 100-400 mL/animal (BLOOD e HENDERSON, 1979).

Os antiespumantes existentes no comércio são, na sua maioria, à base de silicone, podendo ser usados puros ou diluídos em água morna. Nos casos de rumenotomia deve ser feita a reposição de flora, com conteúdo ruminal de outro animal.

O tratamento dos casos de timpanismo gasosos se baseia no alívio do animal com auxílio de sonda, que pode apresentar alguma dificuldade nos casos de obstrução ou diminuição da luz do esôfago.


Prevenção do timpanismo ruminal


A maneira mais indicada de se prevenir o problema é evitar a adoção de dietas com excesso de grãos e deficientes em fibras, assim como a excessiva moagem dos grãos. O cuidado no uso de feno de leguminosas também vale a pena ser comentado.

É importante evitar que animais que sofreram restrição alimentar tenham acesso a pastos de alfafa, trevo ou trigo, ou que lhes sejam oferecidas dietas com grandes concentrações de grãos. Nestes casos, a introdução gradual na dieta reduz as chances da ocorrência do timpanismo.

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