O Brasil é o quinto maior país produtor de leite, produzindo cerca de 7% de todo o volume de leite mundial, segundo dados da Conab (2018). Com grandes extensões territoriais e climas variados nas suas diferentes regiões, produzir leite no Brasil pode ser um desafio para os produtores que não possuem vacas bem adaptadas às suas condições.
Antes de iniciar na atividade leiteira é importante que o produtor saiba qual a raça que será mais interessante para a sua propriedade, pois raças diferentes possuem exigências e produtividades diferentes, e isso influencia diretamente no lucro da atividade.
Além disso, conhecer as características das raças leiteiras permite ao produtor fazer o melhoramento genético do rebanho, por meio de cruzamentos que irão produzir animais que atendam aos interesses do produtor, seja para aumentar a produção de leite, de sólidos ou ter mais rusticidade.
As raças leiteiras são classificadas em taurinas e zebuínas. As raças taurinas são provenientes da Europa, onde os animais são adaptados a um clima mais ameno, como a raça Holandês, Jersey e Pardo Suíço. Enquanto as zebuínas são oriundas da Ásia, e toleram mais o clima quente, como a raça Gir, Guzerá e Sindi.
Principais raças de vacas leiteiras utilizadas no Brasil
1 – Holandês
É a raça mais conhecida devido à sua capacidade de produzir grandes volumes de leite. Os animais são dóceis e de grande porte, com pelagem preta e branca ou vermelho e branca. Além da alta produtividade, possuem boa longevidade e fertilidade quando bem manejadas.
São muito sensíveis ao calor e a parasitas como carrapatos. Por este motivo, expressam melhor seu potencial produtivo em sistemas de confinamento, que tenham conforto térmico e instalações apropriadas. A produção de uma vaca holandesa diminui drasticamente nos dias mais quentes, visto que sua zona termoneutra se situa entre 5 e 25°C. Então, instalações com ventilação e aspersão se tornam necessárias para que as vacas tenham o máximo desempenho produtivo e reprodutivo.
2 – Jersey
Também de origem europeia, esta raça é originaria da ilha de Jersey, situada entre a França e a Inglaterra. Os animais são extremamente dóceis, de porte pequeno e elevada produção de sólidos no leite, além de apresentarem uma tolerância ao calor um pouco maior do que a raça holandesa.
Possuem boa produtividade, alta precocidade e facilidade de parto, alta longevidade, excelente qualidade do leite e menor ingestão de matéria seca, o que reduz os custos em comparação com vacas holandesas.
3 – Pardo Suíço
São animais de porte grande, com pelagem de cor parda e boa longevidade. Apesar de serem de origem europeia, são mais rústicos e apresentam precocidade sexual e alta fertilidade.
Também possuem bons aprumos, cascos fortes e boa produção de sólidos, mas com produção média menor em comparação com a raça Jersey e Holandês.
4 – Gir
É originária da Índia e hoje é a raça zebuína de maior produtividade leiteira em clima tropical devido à sua adaptação e rusticidade.
Apresenta boa resistência aos ectoparasitas e boa capacidade de pastejo, sendo muito indicada para sistemas a pasto. O leite possui grandes quantidades de sólidos e a maioria das vacas produzem leite tipo A2.
Porém, a produção de leite é mais baixa e a persistência da lactação também. Possuem menor precocidade sexual e alguns animais necessitam do bezerro ao pé na hora da ordenha, o que dificulta o manejo.
5 – Girolando
Raça brasileira formada pelo cruzamento das raças Gir e Holandês, com o objetivo de aliar as características produtivas e precoces da Holandesa com a rusticidade e adaptação da raça Gir.
Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, o padrão racial é 5/8 Holandês e 3/8 Gir.
A raça apresenta boa produtividade, rusticidade e adaptação ao clima brasileiro.
6 – Guzerá
É uma raça rústica e os animais são bem adaptados ao calor. Os animais possuem boa fertilidade e participam de cruzamentos com a raça Holandês, para formar a Guzolando, que não tem ainda tanta expressividade como a Girolando, que é altamente difundida e utilizada.
O leite possui grande teor de sólidos e é uma raça considerada de dupla aptidão.
7 – Sindi
Os animais desta raça possuem pequeno porte e são adaptados às regiões quentes e secas, sendo muito utilizados no Norte e Nordeste. Porém, apresentam baixa produtividade leiteira.
Mais importante do que conhecer as raças, é saber as características da região e da própria fazenda. Antes de optar por uma raça, o produtor precisa ter atenção ao seu sistema de produção, área para produção de alimentos, capacidade de investimentos e expansão… tudo para otimizar a produção de leite e aumentar os lucros da atividade.