A União Europeia autorizou a retomada das importações de carne de frango do Brasil, encerrando um período de cinco meses de restrição em função de um caso isolado de influenza aviária. O anúncio foi recebido com otimismo pelo setor, que enxerga na decisão a confirmação da confiança internacional na sanidade da produção brasileira.
De acordo com a analista de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila, o anúncio é bastante positivo para o setor, já que a retomada das exportações para o bloco tende a reduzir os impactos sofridos nos últimos meses e contribuir para a recuperação dos volumes embarcados.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, antes do embargo a União Europeia respondia por cerca de 5% dos embarques nacionais de carne de frango. “É um cliente importante e a reabertura sinaliza um caminho de normalização. Ainda resta a China, que representa 10% das exportações, e deve se posicionar nesta semana”, afirmou em entrevista ao Notícias Agrícolas.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) celebrou o anúncio do Ministério da Agricultura e Pecuária da oficialização da reabertura do mercado da União Europeia para a carne de frango exportada pelo Brasil ao destino.
As exportações foram diretamente afetadas em maio, junho e julho, mas, segundo a analista da Scot Consultoria, já em agosto foi possível observar sinais de recuperação nos embarques.
Iglesias pontua que o embargo europeu se estendeu além do esperado, o que impactou a performance brasileira no comércio exterior. “Agora, com a normalização dos dois mercados — União Europeia e China —, o Brasil volta a ter condições de embarcar mais de 400 mil toneladas por mês. Além disso, nossos preços continuam muito competitivos frente a outros fornecedores internacionais”, destacou.
Além disso, o mercado está bem animado com as visitas sanitárias pela China e indica que o retorno da potência asiática deve ser em breve. Isso vai fortalecer a posição do Brasil no comércio internacional. “O reconhecimento da contenção do foco reforça a credibilidade da produção brasileira e evidencia a qualidade da nossa carne de frango no mercado global”, afirmou Pila.
O presidente-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, ressalta que a retomada do mercado europeu representa mais uma vitória para o setor brasileiro. “Trata-se de um destino estratégico, que embora não compre grandes volumes como Ásia e Oriente Médio, agrega muito valor, especialmente pela importação de cortes nobres como o filé de peito”, explicou. Segundo ele, a decisão fortalece a imagem do Brasil como fornecedor seguro e confiável.
No mercado interno, o analista destaca que sinais de recuperação nas cotações já vinham acontecendo, sustentados principalmente pela competitividade do frango em relação às demais proteínas animais. “O consumo doméstico foi o fator que contribuiu para a sustentação nos preços nos últimos meses, compensando parcialmente as dificuldades externas”, completou.
Para o último trimestre do ano, a expectativa é positiva: com a reabertura dos embarques e a manutenção da demanda doméstica aquecida, tanto a carne de frango quanto o frango vivo devem registrar desempenho favorável.
Entre janeiro e maio de 2025, antes da suspensão, as exportações brasileiras de carne de frango para a União Europeia alcançaram 125,3 mil toneladas — um crescimento de 20,8% frente ao mesmo período de 2024. Em receita, o resultado foi de US$ 386,3 milhões, alta de 38%.
Com a oficialização da reabertura, a ABPA destaca que a expectativa é de que os embarques retornem rapidamente aos patamares anteriores, podendo inclusive superar esse nível em razão da demanda reprimida durante o período de embargo.
Por:
Andressa Simão | Instagram @apautadodia
Fonte:
Notícias Agrícolas