Por Maria Laura, consultora agrícola da Solo Fértil
A agricultura brasileira vive um processo de transformação na forma de nutrir as lavouras. Se antes a adubação granulada via solo era praticamente a única estratégia utilizada pelos produtores, hoje a aplicação de fertilizantes líquidos e foliares ganha cada vez mais espaço. A técnica, que permite a absorção rápida de nutrientes pelas folhas, já é vista como uma aliada essencial para aumentar a eficiência e garantir altas produtividades em diferentes culturas.
“Existe um mito de que apenas o adubo granulado no solo é aproveitado pela planta. Essa visão já não condiz com a realidade da agricultura moderna”, explica Maria Laura, consultora agrícola da Solo Fértil. “O fertilizante líquido aplicado via foliar entra de forma rápida, estratégica e ajuda a planta justamente nos momentos em que ela mais precisa”.
Como funciona a absorção
Na adubação via solo, o fertilizante precisa passar por diversas etapas até que a raiz consiga absorver o nutriente. Esse processo está sujeito a perdas por lixiviação, fixação no solo ou mesmo à falta de umidade. Já na aplicação foliar, a absorção é direta: os nutrientes atravessam a cutícula das folhas e chegam rapidamente às células, onde são redistribuídos para outras partes da planta.
Segundo a Embrapa, nutrientes como a ureia podem ser absorvidos pela folha em poucas horas. Outros, como cálcio e fósforo, exigem mais tempo, mas ainda assim apresentam maior eficiência em condições específicas quando aplicados foliarmente.
“Quando aplicamos na folha, conseguimos corrigir deficiências pontuais de forma imediata, sem depender do que acontece no solo. Isso faz toda a diferença em estádios críticos, como floração, frutificação e enchimento de grãos”, afirma Maria Laura.
Diferença entre adubação granular e líquidaEmbora ainda exista certa resistência entre produtores, os dois tipos de adubação não são excludentes — pelo contrário, se complementam.
“O produtor precisa entender que o fertilizante líquido não substitui o granulado, mas é um aliado valioso. Ele traz resposta rápida, permite ajustes finos no manejo e aumenta a eficiência geral do sistema produtivo”, destaca a consultora da Solo Fértil.
Recomendações práticas
A Embrapa orienta que a adubação foliar seja realizada em horários mais frescos, como início da manhã ou final da tarde, quando a taxa de evaporação é menor e os estômatos estão mais abertos. Além disso, condições de umidade relativa entre 70% e 90% favorecem a absorção. Outra recomendação é o uso de formulações líquidas específicas, com agentes quelatizantes e estabilizantes que aumentam a eficiência e evitam perdas.
O futuro da adubação no Brasil
Com a crescente demanda por alimentos e a busca por maior sustentabilidade no campo, especialistas veem na adubação líquida um caminho sem volta. A prática reduz desperdícios, aumenta a rentabilidade e fortalece a agricultura de precisão.
“O futuro da agricultura brasileira passa pela eficiência. E os fertilizantes líquidos são parte fundamental desse processo, porque entregam resultado rápido, de forma segura e sustentável”, conclui Maria Laura.