A fasciolose, conhecida popularmente como “baratinha do fígado”, é uma zoonose parasitária causada por um helminto trematódeo, a Fasciola hepática, que parasita os canais e vesículas biliares do fígado de mamíferos (ovinos, bovinos, caprinos, suínos, búfalos e mamíferos silvestres), podendo também afetar o ser humano.
Essa zoonose ocasiona prejuízos econômicos à pecuária mundial devido à queda de produção do rebanho, ocasionado perda na qualidade do leite, perda de peso dos animais, queda na fertilidade, atraso no crescimento, elevados custos terapêuticos nos tratamentos de freqüentes infecções bacterianas secundárias, e ocasionando em alguns casos até mortalidade. Além disso, há também consideráveis perdas econômicas em relação às condenações de fígados nos matadouros frigoríficos, após a realização da inspeção post mortem. Nesse processo de inspeção sanitária, vísceras e carcaças que apresentem alterações são condenadas representando assim um prejuízo direto o produtor e para a indústria.
Segundo o médico veterinário Rafael Duarte, responsável pelo Serviço de Inspeção Municipal (S.I.M/Rolante), no município de Rolante a fasciolose é responsável pela condenação de 90 a 95% dos fígados inspecionados no matadouro frigorífico.
Esta helmintose possui um ciclo biológico do tipo heteroxênico, ou seja, necessita de hospedeiros intermediários, que são os caramujos do gênero Lymnaea (Lymnaea columella), os quais vivem, principalmente, em ambientes alagadiços, sendo também encontrados sobre a lama úmida e/ou parcialmente enterrados, sobre plantas aquáticas ou em vegetais em decomposição.
Quando os ovos do parasita adulto são eliminados, juntamente com as fezes do hospedeiro definitivo (bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos) próximo a água, desenvolve-se dentro desse ovo a primeira fase larval, o miracídio. Esta larva ciliada dentro da água nada em busca do hospedeiro intermediário (caramujo), aonde irá se transformar em esporocisto, depois em rédia até a fase de cercaria. As cercárias abandonam o caramujo, e dentro da água começam a procurar alguma vegetação aquática nas margens de rios e lagos, após a sua fixação elas perdem a cauda, originando as metacercárias (cistos).
Os animais infectam-se ao ingerir as metacercárias presentes nessa vegetação e, eventualmente, livres na água. Ao chegar ao intestino delgado do hospedeiro definitivo, ocorre desencistamento das metacercárias e liberação das larvas que atravessam a parede intestinal, entrando assim na circulação indo se alojar no fígado e ductos biliares onde evoluem até vermes adultos.
No ser humano, a transmissão da fasciolose está diretamente relacionada à ecologia dos caramujos (hospedeiros intermediários) e à ingestão de água e verduras contaminadas com as formas larvais do parasita (metacercárias), como por exemplo, o consumo de agrião cru, principalmente quando são irrigados por água de rio, ou adubados com estrume.
Considerando o ciclo de vida do parasito, o manejo sanitário tem papel relevante no controle da fasciolose, principalmente na forma preventiva, devendo o produtor rural utilizar protocolos adequados de controle parasitológico, além de práticas que visem o controle e redução desta importante parasitose, diminuindo assim perdas econômicas e maximizando a produção e a produtividade do seu rebanho.
O S.I.M sempre faz o alerta para a comunidade que ao adquirirmos um alimento de origem animal, devemos nos certificar se este produto foi devidamente inspecionado. Isso pode ser verificado através dos carimbos dos serviços de inspeção S.I.M, CISPOA ou S.I.F que constam nos rótulos dos alimentos.
Texto: Médicos Veterinários Rafael Duarte e Lucia Castagnino
SERVIÇO DE INSPEÇÂO MUNICIPAL DE ROLANTE – Cuidando da segurança dos alimentos e da saúde da população.