A casca de soja (CS), película que envolve os grãos, é um subproduto da indústria processadora de soja. A CS é obtida em uma das primeiras etapas do processamento quando os grãos são quebrados e as cascas retiradas por aspiração.
O processamento industrial para obtenção da CS se inicia com o pré-processamento para a limpeza dos grãos. Depois de passar por um conjunto de peneiras para separar o material estranho e as partículas finas, os grãos de soja são quebrados ao passar por um conjunto de rolos. Isso facilita a remoção das cascas e também o processamento futuro dos grãos. Após essa etapa inicial, toda casca e uma parte das partículas passam por um separador, sendo divididas em três categorias: cascas grandes e com pedaços de grãos, cascas pequenas com pedaços de grãos e partículas finas. Essas últimas voltam para a etapa inicial, enquanto as cascas e frações de grãos passam para a segunda etapa de descascamento, durante a qual as cascas são totalmente separadas dos pedaços de grãos e encaminhadas para um tostador para eliminar a atividade de uréase.
Em seguida as cascas são moídas até o tamanho de partículas desejado, e podem ser comercializadas soltas ou peletizada. A peletização tem o objetivo de aumentar a densidade e facilitar o transporte.
A separação da casca de soja possibilita a obtenção de farelos com 48 a 50% de proteína bruta (PB), ao invés de farelos com 42 a 45% de PB, sendo que sua composição é diretamente influenciada pela eficiência deste processo. Com relação à sua composição química, a casca de soja possui alto teor de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, mas baixa quantidade de lignina (em torno de 2%) o que pode resultar em uma digestibilidade in vitro de mais de 90%.
A casca de soja é considerada um suplemento energético, pois seu fornecimento aos ruminantes permite desempenho comparável ao do milho, devido a alta digestibilidade da parede celular, composta basicamente por celulose.
Alguns pesquisadores definem a casca de soja como um volumoso-concentrado, pois tem a função fisiológica de fibra vegetal e funciona como um grão de cereal em termos de disponibilidade de energia. Além de possuir uma boa aceitabilidade, a sua inclusão em dietas a base de forragem (como suplemento) proporciona efeitos associativos positivos, pois promove a manutenção do pH ruminal e assim não prejudica a digestibilidade da fibra.
De acordo com o NRC para bovinos leiteiros (2001), a casca do grão de soja apresenta em sua matéria seca (MS) 13,9% de proteína bruta (PB); 67,3% de nutrientes digestíveis totais (NDT); 2,7% de extrato etéreo (EE); 60,3% de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), e 44,6% de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA). Entretanto, a composição química da casca de soja “limpa” (retirado resíduos de farelos, grãos e impurezas da industrialização) apresenta um valor médio de 9% de PB; 69,9% FDN; 42,3% de FDA e 3,2% de lignina insolúvel em detergente ácido (LDA).
A casca de soja comercialmente disponível frequentemente possui 13 a 14% de PB, indicando pelo menos quatro unidades percentuais de proteína oriundas da contaminação do farelo ou pedaços de grão de soja, podendo encontrar na literatura valores de até 16,5% de PB. Sua taxa de digestão é moderadamente rápida (6%/h) e a extensão de digestão é de 93 a 95%, indicando que quanto maior o tempo de permanência no rúmen, maior digestão será obtida.
É importante salientar que a maneira como a casca de soja é utilizada na formulação de rações, juntamente com o tipo de dieta (quantidades de volumosos e concentrados) influencia o seu valor energético e o desempenho dos animais.
Com baixas taxas de substituição em dietas de alta proporção de concentrado, a casca de soja não compromete o desempenho quando comparada ao milho, por reduzir transtornos metabólicos de tal modo que aumenta a disponibilidade energética de outros nutrientes da dieta. Porém, com altas taxas de substituição (acima de 20% MS da dieta) o desempenho pode ser comprometido. Diante disso, autores concluem que quando incluída em dietas de alta proporção de ingredientes concentrados com moderada ou altas quantidades de milho (cerca de 90%), a casca de soja tem um valor alimentar estimado de 74 a 80% do valor do milho.
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