O controle de parasitas não é uma ideia que se deve considerar uma vez por ano antes do pastejo na primavera. É uma consideração constante da gestão ao longo do ano, com diferentes parasitas surgindo dependendo do clima e da localização. Para os criadores de gado, existem quatro principais parasitas com os quais se deve lidar durante o ano: piolhos, vermes, carrapatos e moscas.
Aqui estão algumas dicas de manejo para manter em mente ao considerar programas de controle de parasitas:
1. Moscas
Moscas-dos-chifres estarão presentes para os produtores todos os anos e, para agravar o problema, está a questão da resistência, diz Justin Talley, entomologista da Universidade Estadual de Oklahoma.
Ele aconselha a rotação da classe de inseticida usada para controlar as populações de mosca-dos-chifres. “Eu diria que 90% dos produtos que controlam as moscas-dos-chifres são principalmente piretróides”, diz Talley.
Um spray de organofosforado pode impedir as moscas durante a temporada. Usar um vermífugo de lactona macrocíclica que inclui ivermetictina e moxidectina pode ajudar a matar as moscas que ainda picam os animais tratados. Outro conceito é matar os ovos no esterco com produtos de alimentação contínua, como regulador de crescimento de inseto (IGR) em mineral. O único problema é que não há garantias de que todo o gado comerá RCI suficiente em minerais para impedir a reprodução da mosca.
Outra forma de manejo é girar as pastagens para movimentar a carga de esterco.
A Stomoxys calcitrans, mais conhecida como mosca dos estábulos, é uma das moscas que causa mais prejuízo aos rebanhos nacionais. Ela tem como hospedeiros a maioria dos animais e o próprio homem, e se desenvolve em restos de matéria orgânica em decomposição, como fezes dos animais mal manejadas e restos alimentares.
Essas moscas atacam preferencialmente equinos e bovinos, e podem atacar outros animais domésticos e o homem. No geral, preferem as partes baixas dos animais. No ato de alimentação (repasto), perfuram a pele várias vezes e ficam repletas de sangue em três minutos em um único repasto. Depois de alimentadas, pousam em locais como celeiros, cercas, estábulos, árvores, entre outros. Nas horas mais quentes abrigam-se, preferencialmente, em lugares sombreados e/ou frescos.
A espoliação e a irritação, provocadas nos animais, fazem com que estes tenham decréscimo do peso corporal (15% a 20%) e prejuízo na produção de leite (40% a 60%). O total de danos que essa mosca pode provocar depende, naturalmente, do grau de infestação nos animais.
O controle deve ser feito através de higiene das instalações e remoção de resíduos alimentares e dejetos. Além disso, pode-se usar, quando necessário, inseticidas que sabidamente funcionam, na dose correta e com origem reconhecida e registro para uso em animais. O uso de inseticidas de maneira generalizada e repetida, baseado no comportamento da mosca-dos-estábulos (instalações, locais de proliferação, demais ambientes de refúgio, entre outros), pode trazer desequilíbrios ambientais. O uso frequente de inseticidas nos animais não é sustentável por não ser eficiente quando utilizado isoladamente e propiciar seleção e desenvolvimento de populações resistentes.
2. Vermes
Existem várias classes e tipos de vermífugos que podem ajudar a controlar a propagação de vermes parasitas, como os vermes redondos. O surgimento de vermífugos de liberação mais longa ajudou na eficácia do controle da disseminação de vermes entre o gado, diz Gerald Stokka, veterinário de extensão da Universidade Estadual de Dakota do Norte e professor associado de manejo de gado.
O tempo de desparasitar é a chave. Stokka aconselha desparasitar o rebanho quando o pasto está começando a ficar verde, porque “basicamente todos os parasitas internos do gado serão apanhados na grama”.
Mesmo com os vermífugos injetáveis ??tendo uma liberação mais longa, Stokka observou que alguns rebanhos poderiam ser injetados mais tarde.
A questão da resistência também deve ser considerada. Semelhante à estratégia com as moscas, é importante alternar a classe de vermífugo usada para limitar o risco de criação de vermes resistentes a um determinado vermífugo.
A rotação de pasto é algo que Stokka aconselha para ajudar a retirar o gado do esterco que pode conter vermes. No entanto, ele observa que áreas onde as densidades de gado são mais baixas, podem não ter as mesmas preocupações devido à menor concentração de gado em uma área.
3. Carrapatos
O carrapato é considerado o mais importante ectoparasito dos bovinos, pelos danos diretos e indiretos que pode ocasionar, limitando consideravelmente a produtividade animal e aumentando de forma significativa o custo de produção. Estima-se que no Brasil, este artrópode cause prejuízos em torno de 3,24 bilhões de dólares anuais.
De todas as ferramentas disponíveis para o controle do carrapato R. (B.) microplus, um dos principais carrapatos que parasitam os bovinos, a mais utilizada e que provoca um resultado mais benéfico e imediato é o controle químico.
Porém, não existe método para erradicar esse carrapato. Existem, sim, métodos ou princípios ativos que atuam melhor contra essa espécie de carrapato, o que podem espaçar o intervalo de banho ou reduzir a olho nu a infestação dos animais, trazendo algum conforto ao produtor.
4. Piolhos
O piolho mastigador é o Damalinia bovis e encontra-se na superfície cutânea, especialmente do pescoço, cernelha e base da cauda; são vistos normalmente movimentando-se sobre o corpo dos bovinos. O piolho sugador chama-se Linognathus vituli encontrado com maior frequência nas áreas protegidas da pele: parte lateral do pescoço, focinho, peito, dorso, cabeça e entre os membros.
As infestações pelos piolhos podem acarretar sérios prejuízos quando presente em grande quantidade, quer seja pela ação irritante, (causada pelo D. bovis) ou mesmo pela anemia provocada pelo piolho sugador (L. vituli), associado às condições de baixa disponibilidade no período de inverno.
Para o controle do piolho cortador (Damalinia bovis), nas propriedades cujo banheiro está carregado com piretróide, poderá ser necessário um tratamento adicional específico à base de organofosforado, organofosforado + piretróide “pour-on” e endectocida “pouron”. Isto se deve ao fato de que os piretróides não são piolhicidas por excelência. Por outro lado para as propriedades que estão utilizando para o controle do carrapato a associação comercial de piretróide + organofosforado, dificilmente será necessário um tratamento específico adicional, pois os organofosforados são produtos piolhicidas de eleição. Da mesma forma, naquelas propriedades que utilizam o Amitraz, o controle dos piolhos ocorrerá simultaneamente por ocasião dos banhos carrapaticidas. Os produtos a base de Amitraz têm ação nos piolhos sugador e mastigador.
Os endectocidas injetáveis são altamente eficazes no controle do piolho sugador e auxiliam no controle do piolho mastigador. Já com relação aos endectocidas “pouron”, esses são eficazes no controle do D. bovis e L. vituli.
Para se obter uma limpeza completa do rebanho, recomenda-se tratar todos os animais; podendo, no caso de banhos piolhicidas, ser necessário um segundo banho com intervalo de aproximadamente sete dias.
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