O que é sal mineral?
Sal mineral, por definição é uma mistura entre minerais inerentes a produção animal com o sal comum (sal branco ou NaCl). Naturamente, os bovinos possuem uma necessidade por sal branco inicialmente para balancear a bomba de sódio e potássio.
A bomba de sódio e potássio é um tipo de transporte de nutrientes que ocorre em todas as células do corpo e está relacionada a contração muscular e a transmissão de impulsos nervosos.
Animais submetidos a condições de pastagens no Brasil ingerem uma alta quantidade de potássio sendo necessário a ingestão de sódio maior para balancear as concentrações desses dois minerais e garantir que a bomba, um processo natural do bovinos, funcione corretamente.
Qual a diferença entre sal comum, sal mineral e sal proteinado?
Sal Comum
Como dito acima, o sal comum é o NaCl. Nesse caso, ele serve para atuar na manutenção da bomba de sódio e potássio.
Isso é tão importante porque sal branco possui uma grande quantidade de sódio, o que explica grande parte do desejo desses animais pelo ingrediente. Por outro lado, se o consumo for muito alto, o cenário pode se inverter e acontecer uma “sobra” de sódio no organismo animal.
Uma alta concentração de sal branco limita a ingestão da mistura mineral e a baixa concentração de sal branco aumenta sua ingestão.
Portanto, utilizamos o sal branco para regular o consumo da mistura mineral que impulsiona a produtividade do animal afim de não faltar nada para que os animais produzam o que precisamos.
Sal Mineral
O sal mineral é a mistura do sal comum com os minerais que os animais precisam para desempenhar o que esperamos de ganho de peso como cálcio, fósforo, zinco.
Sal Proteinado
Já o sal proteínado é um combo de sal + minerais + proteína degradável no rumem, como farelos de soja e Uréia.
Sal Proteico Energético
Existe ainda uma quarta classificação que é o sal proteico energético.
Esse último, além de fornecer o sódio + minerais + proteína verdadeira e energia, para ajudar na digestão da proteína degradável no rumem, como milho, sorgo, milheto e etc.
Por que usar sal mineral para bovinos?
De maneira geral, a dieta de bovinos criados no Brasil apresentam deficiências quando comparado ao que os animais precisam. No exemplo abaixo, conseguimos visualizar os minerais que sobram ou que faltam para o desempenho esperado.
As exigências foram calculadas com base em um animal pastejo Brachiaria Brizantha, no período das águas, com peso inicial de 240 kg de peso vivo, 180 dias de pastejo e ganho de 500 gramas/cab/dia.
Como o gráfico acima mostra, o animal não deve desempenhar as 500 gramas cab/dia porque o fósforo, enxofre, zinco e cobre estão abaixo do esperado. Dessa maneira, precisamos suplementar os animais com os minerais em déficit.
Mostrarei o mesmo gráfico abaixo. Nele, escolhi um produto que atenda as exigências minerais e, consequentemente, de desempenho.
Dessa maneira, regulamos a quantidade de minerais que cada animal deve consumir e colocaremos apenas o que é necessário, não gastando dinheiro aonde ele não retornará.
Temos dois pontos de melhoria no gráfico acima. O Calcário e o Fósforo. Poderíamos diminuir o Fósforo e retirar todo o calcário em teoria.
O problema é que o Calcário é utilizado para dar homogeneidade a mistura mineral. Sem ele a mistura não fica igual podendo desbalancear a mistura. Utilizando mais calcário, devemos utilizar mais fósforo, pois os dois competem por absorção dentro do animal.
Análise de desvio de consumo
O objetivo é sempre definir se a suplementação e consumo estão de acordo com o estimado para aquele tipo de rebanho e suas metas.
Por isso se fala muito em desvio, é essa palavrinha que define tudo o que acontece fora do planejado nesse planejamento.
O tão temido desvio de consumo evidência se o resultado do consumo aferido está acima ou abaixo do consumo objetivo, sendo que é considerada uma margem aceitável de desvio que varia até 15% para cima ou para baixo de acordo com o tipo de suplemento.
A quantidade e qualidade da ingestão é difícil de ser determinada diretamente no rebanho a pasto, de modo que várias metodologias foram desenvolvidas para estimá-lo.
Mas, ainda assim, existem fatores críticos e comuns a todas as fazendas no que diz respeito a influência de fatores externos no consumo do rebanho.
Fatores que contribuem para que bovinos não consuma o sal mineral
O controle de consumo dos suplementos minerais consiste em garantir que as metas de consumo projetadas para o rebanho sejam alcançadas.
Em caso de desvio de consumo, o produtor deve se atentar para a busca das principais causas e realizar as devidas contramedidas.
Alguns fatores dentro da sua fazenda podem estar influenciando o consumo da suplementação mineral do seu rebanho e assim, atrapalhando todo planejamento de ganho de peso a pasto. São eles:
01. Cocho no chão
Se o cocho encontra-se próximo ao solo o suficiente para que o suplemento se “suje” a ponto de comprometer a qualidade, muitas vezes ocorre desvio de consumo e também na uniformidade do consumo pelos animais do lote.
02. Cochos descobertos
A ausência da cobertura permite com que o suplemento molhe com frequência no período das chuvas o que prejudica a qualidade causando desvios no consumo. Suplementos com alta inclusão de farelos são ainda mais críticos quando molhados porque iniciam o processo de putrefação.
Já os suplementos minerais sem farelo na formulação podem sofrer alteração da formulação devido a perda de alguns minerais mais solúveis na água, seja esta escorrida através de algum orifício no cocho ou ingerida pelos animais.
Deve-se sempre ficar atento com o uso de ureia nas formulações em cochos descobertos devido ao risco de intoxicação.
03. Área de cocho insuficiente
A restrição de área de cocho pode prejudicar o acesso dos animais acarretando em desvios de consumo. Quanto maior o lote maior é o problema relacionado à área de cocho.
04. Acesso ruim ao cocho
O acesso confortável ao cocho pelos animais é de suma importância para não criar nenhuma barreira ao animal. Muitas vezes é prejudicado devido a excesso de lama ou pedras o que pode acarretar em desvio no consumo.
05. Logística de distribuição ineficiente
Recomendamos a existência de estoques intermediários e estoques finais próximos aos cochos. Quanto maior o consumo objetivo do suplemento maior será a necessidade de uma boa logística de distribuição.
A definição dos equipamentos de distribuição (trator, caminhão, etc) assim como a autoridade e responsabilidade de cada membro do time para solicitar a reposição dos produtos nos diversos estoques até o cocho é ponto chave para atingir a meta de consumo.
06. Formulação inadequada do suplemento mineral
Quando o suplemento mineral é recomendado para uma determinada categoria em algum período do ano é de suma importância que o nutricionista leve em consideração a análise da forragem da propriedade, a oferta desta forragem no pasto ou retiro e sua experiência na região em fazendas as quais estejam em biomas semelhantes.
Deve-se verificar se a concentração de cloreto de sódio/nitrogênio não proteico/farelos/promotores de crescimento, entre outros ingredientes, estejam adequados para aquele desafio de produção.
Quando a causa está ligada à formulação o nutricionista deve alterá-la com o objetivo de atingir o consumo objetivo na próxima apuração.
Função dos minerais para a nutrição de bovinos
Vamos ver as principais funções de cada mineral
Cálcio
Atua na contração muscular, na permeabilidade da membrana celular e é componente estrutural dos ossos
Fósforo
Componente ósseo, utilizado na liberação de energia e formação de fosfolipídeos. O fósforo é um dos minerais mais importantes no organismo dos bovinos e está presente em vários tecidos do animal, principalmente nos tecidos ósseos, além do tecido nervoso, muscular e sanguíneo.
As pastagens em geral possuem a carência de fósforo, já que a concentração maior do mineral encontra-se nas sementes e não nas folhas.
Magnésio
Está diretamente envolvido no metabolismo dos carboidratos e lipídeos atuando como catalisador de uma ampla variedade enzimática.
Potássio
Atua na bomba de sódio potássio e contração muscular. A degradação contínua das pastagens pode favorecer a redução na disponibilidade deste elemento para os animais, possibilitando o aparecimento da deficiência.
Sódio
Bovinos mantidos em pasto necessitam ser suplementados com sódio (Na), porque as forrageiras em geral são pobres no elemento que atua na pressão osmótica e na bomba de sódio e potássio.
Enxofre
Presente nos principais aminoácidos (metionina, cisteína, cistina). Na deficiência de enxofre, a síntese da proteína microbiana é reduzida. Ocorre perda de peso, debilidade muscular, lacrimejamento, tontura e morte.
Cobalto
O cobalto é requerido pelos microorganismos do rúmen para a síntese da vitamina B12 (cianocobalamina), sendo uma molécula orgânica muito complexa, cujo núcleo ativo é o átomo de cobalto (estrutura semelhante à hemoglobina).
É requerido para funcionamento de vários sistemas enzimáticos na utilização de energia.
Cobre
Este elemento está diretamente ligado à formação da hemoglobina, maturação da hemácia e no funcionamento do sistema enzimático. Participa da formação do tecido ósseo e conjuntivo e do sistema imunológico.
Ele é importante para a integridade do sistema nervoso central e da musculatura cardíaca.
Iodo
É o único elemento exigido para uma só função primordial no organismo dos mamíferos. Ele é necessário para a síntese dos hormônios T4, T3 pela glândula tireóide, regulando metabolismo energético, ou seja, produzindo energia para mantença.
Ferro
Responsável pelo transporte de oxigênio nas hemácias. Nos solos tropicais, a disponibilidade de ferro nas forrageiras suficiente é até alta para atender à demanda dos bovinos.
Manganês
Utilizado em enzimas. O manganês é necessário para manter o funcionamento perfeito dos processos reprodutivos tanto dos machos como das fêmeas. Ele é necessário, também, para a manutenção da estrutura óssea normal e o funcionamento adequado do sistema nervoso central.
Selênio
Ele está ligado a um aminoácido (glutationa), componente essencial do grupo prostético de várias enzimas, particularmente a glutationa peroxidase.
Essa enzima é estratégica na eliminação dos radicais livres, originados dos processos metabólicos, e doenças que influenciam os mecanismos de defesa, atuando juntamente com a vitamina E.
Zinco
O zinco tem papel fundamental no metabolismo do ácido nucléico e de proteínas, em conseqüência, nos processos fundamentais de multiplicação celular. É um elemento estrutural ou ativador de uma série de enzimas.
Ele é necessário para a adequada formação e funcionamento do sistema imunológico na primeira fase de vida do animal.
Qual a quantidade recomendada para meu rebanho?
Em relação a quantidade de sal para bovinos, pode variar muito!
Deve ser levado em consideração o resultado de desempenho financeiro que se espera desses animais, com o resultado da analise de forragem, com a quantidade de forragem disponível para consumo, com a estratégia que a propriedade pretende adotar, etc.
Existem produtos de baixo consumo (cerca de 50 g/cab/dia) até de alto consumo (9 kg/cab/dia). Quanto maior o consumo, maior o custo e, na maioria das vezes, maior o resultado.
Uma forma de analisar esse benefício é calculando o custo nutricional da @ produzida. A tabela abaixo nos mostra a participação da nutrição nos custos de alguns clientes no início da implementação da Solução Total Prodap.
A medida que a operação vai se intensificando, o custo de nutrição também irá aumentar para suportar a estratégia intensiva. Por outro lado, o risco da operação também aumenta ao elevarmos o consumo.
Outro ponto que devemos nos atentar é o quanto a nutrição irá impactar na quantidade de arrobas que produzimos. Uma forma rápida é analisar o custo nutricional da arroba produzida. O gráfico abaixo nos mostra mais detalhes sobre esse indicador.
Para calcularmos o custo nutricional da arroba produzida, dividimos o custo de nutrição anual pela quantidade de arrobas que produzimos. Dessa maneira, temos um índice de benefício/custo.
Na maioria dos clientes Prodap, o gráfico se repete. Pregamos a utilização racional da nutrição não para substituir o pasto e sim para complementar. Esse gráfico tem impacto direto no resultado deixado no bolso do pecuarista.
Eficiência na utilização da nutrição é produzir muitas arrobas gastando o mínimo possível, tendo como base a complementação do pasto, e não sua substituição. Você calcula esse índice no seu projeto? Qual o valor que tem obtido?
Prejuízos causados pela falta de controle do consumo de sal mineral
Dar sal para o gado é uma saída inteligente para sua fazenda! Veja o que acontece quando há falhas na gestão desse ponto tão importante para o sucesso do negócio:
Desestruturação da Flora Ruminal
Sabe-se que um dia sem sal mineral impacta muito na produtividade dos animais quando eles já estão acostumados com a dieta.
Isso porque desestrutura toda flora ruminal que é responsável por, a grosso modo, transformar o que é ingerido pelo rebanho em ganho de peso.
Quando falta sal, essa desestruturação da flora ruminal pode levar o animal a um sub-desempenho/ganho por no mínimo 15 dias e, infelizmente, o animal não consegue recuperar esse prejuízo.
Baixo desempenho por animal
Cada categoria animal deve seguir um plano de desempenho voltado em corrigir os nutrientes da pastagem.
Como cada solo determina a qualidade mineral da forragem oferecida, sem disponibilidade do sal que é responsável por corrigir as “falhas” da folha, é difícil criar uma condição adequada para que seu animal expresse todo potencial de ganho de peso.
Falta de dados
Outro prejuízo que vem com a falta de acompanhamento do sal mineral ofertado para o rebanho é impossibilitar que o técnico acompanhe o consumo nos intervalos desejados.
Só com a gestão de oferta e consumo de sal conseguimos aferir as misturas e fazer eventuais ajustes como o balanceamento do que está faltando, ou sobrando para que que o animal possa explorar o máximo da pastagem que ele está consumindo.