A busca por aumento de eficiência e diminuição de custos é crescente em todas as atividades, e para a pecuária de leite não é diferente. Com a pressão de mercado sofrida pelo produtor de leite, as vacas leiteiras são muitas vezes submetidas aos extremos do seu potencial produtivo, sem a devida precaução às grandes demandas nutricionais exigidas por estes animais. “As dietas devem ser balanceadas para a manutenção do pH ruminal adequado…” As dietas devem ser balanceadas para a manutenção do pH ruminal adequado, estando sua variação relacionada à freqüência da alimentação e adaptação à dieta. O decréscimo do pH ruminal provoca redução de apetite, da motilidade ruminal, da digestão da fibra e do crescimento microbiano, podendo causar diminuição na produção de leite, ruminites, laminites, abscessos hepáticos e pulmonares e até a morte (Allen, 1998). Outros efeitos que a acidose causa em bovinos são, a diminuição no teor de gordura do leite, menor ingestão da matéria seca, diminuição da eficiência alimentar e produtiva, dentre outros efeitos estes de grande importância econômica.
Visando um melhor controle do pH ruminal e uma redução na incidência de problemas metabólicos, algumas estratégias tem sido utilizadas. O uso de antimicrobianos, como a virginiamicina, reduz a produção de ácido láctico no rúmen (Nagaraja et al. 1987). Outros aditivos alimentares, como o bicarbonato de sódio, por muitos anos têm sido utilizados como tamponantes, no entanto, pesquisadores mostram que o bicarbonato possui uma capacidade limitada no tamponamento do rúmen e sugerem que os efeitos primários deste aditivo sejam devido a um aumento na ingestão de água, diminuição na osmolaridade do fluido ruminal, aumento na taxa de passagem e diminuição da produção de propionato no rúmen (Russell and Chow, 1993).
A virginiamicina, antimicrobiano bastante utilizado por avicultores e suinocultores como melhorador de desempenho, é obtida a partir da fermentação da bactéria Streptomices virginae, que teve seu potencial melhorador de desempenho descoberto nos anos 50, em solo Belga. Para produzí-la era necessário alimentar os tanques fermentadores com enormes quantidades de carboidratos e proteínas, e como os resíduos desse processo apresentavam alto valor nutricional, experimentou-se fornecê-los a vacas leiteiras, que passaram a aumentar a produção. “A inclusão da virginiamicina nas dietas para vacas leiteiras tem reduzido o risco de acidose láctica, estabilizando o pH ruminal e aumentado a utilização da energia da dieta.” A inclusão da virginiamicina nas dietas para vacas leiteiras tem reduzido o risco de acidose láctica, estabilizando o pH ruminal e aumentado a utilização da energia da dieta.
Pesquisas posteriores mostraram que isso ocorria devido ao fato de a virginiamicina melhorar as condições de fermentação ruminal, causando a morte por inibição da síntese protéica da membrana celular de bactérias gram-positivas, incluindo Streptococcus bovis e Lactobacillus sp., que são grandes produtoras de ácido láctico. Estudos realizados por Pasierbski et al. (1992) e Kraszewski et al. (1993) revelaram que a adição de virginiamicina na dieta de vacas leiteiras resultou em incrementos de produção de leite da ordem de 26,2% e 9,1%, respectivamente. Clayton et al. (1997, 1999) e Lean et al. (1998) avaliaram os efeitos de virginiamicina (300mg/cabeça/dia), com e sem bicarbonato de sódio (200g/dia) sobre o potencial de acúmulo de lactato no rúmen, pH ruminal e fecal, proporção de ácidos graxos de cadeia curta, bem como produção e composição do leite, para 71 vacas leiteiras, durante 28 dias. A produção de lactato diminuiu e o pH ruminal e fecal foram mais altos em vacas alimentadas com o aditivo. Além disso, as vacas alimentadas com virginiamicina apresentaram maior produção de leite (23,94kg/dia vs 23,32kg/dia) e uma quantidade maior de lactose do que as vacas que não consumiram o aditivo. “Outros benefícios são observados, como o aumento na produção de ácido propiônico e aumento na produção de glicose…” Um trabalho desenvolvido no México avaliou o efeito da virginiamicina (0,5mg/kg PV/vaca/dia) em dois períodos: clima temperado, com temperaturas mais amenas e clima quente, com temperaturas mais altas, sobre o pH ruminal, incidência de acidose subclínica, consumo de matéria seca e produção de leite em vacas holandesas. No período onde o clima era mais ameno, ambos os grupos (vacas com e sem virginiamicina) não apresentaram diferenças, tanto no consumo de matéria seca, como no pH ruminal, no entanto, a porcentagem de acidose subclínica foi maior no grupo controle quando comparado ao grupo tratado (20% vs 0%). Além disso, a produção média de leite por vaca por dia foi maior nas vacas alimentadas com virginiamicina (49,04 litros vs 46,79 litros), o que representa uma melhora de 4,8% na produção. No período onde as temperaturas eram mais altas, os valores de pH ruminal do grupo de vacas tratadas foram maiores do que os do grupo controle (5,88 vs 5,57), e o consumo médio de matéria seca do grupo com virginiamicina foi 1,58 kg/vaca/dia mais alto que o do grupo controle. A produção de leite foi maior para as vacas que receberam virginiamicina na dieta (43,9 l/vaca/dia vs 41,09l/vaca/dia). “… a produção média de leite por vaca por dia foi maior nas vacas alimentadas com virginiamicina (49,04 litros vs 46,79 litros), o que representa uma melhora de 4,8% na produção.” Pesquisas desenvolvidas na Austrália mostraram um aumento de 0,62 litro de leite/vaca/dia para os animais consumindo o aditivo e ainda uma redução na incidência de cetose, quando comparado ao controle. Estudos realizados na região de Curitiba-PR (Hill et al, 2002), mostraram um aumento de 16% no pH ruminal de vacas alimentadas com virginiamicina, propiciando assim um melhor ambiente ruminal e, consequente, produção leiteira. Outros trabalhos de campo têm mostrado ainda que o uso da virginiamicina não acarreta diminuição no teor de gordura do leite, como muitas vezes observado com o uso de ionóforos e, em alguns trabalhos, foi possível visualizar ainda aumentos no percentual da gordura. “Estudos mostraram um aumento de 16% no pH ruminal de vacas alimentadas com virginiamicina…” Ao melhorar a fermentação ruminal, a virginiamicina reduz ainda a produção de metano e a quantidade de nitrogênio excretada nas fezes e urina, o que contribui para evitar a contaminação do meio ambiente. Além disso, ela não é absorvida pela mucosa intestinal e não deixa resíduos nos tecidos, o que é altamente positivo considerando-se a preocupação com o uso de antimicrobianos. Muitos estudos ainda serão realizados buscando um maior conhecimento das complexas interações do ambiente gastrintestinal, especialmente do rúmen, e um melhor entendimento da dinâmica dos processos para a máxima eficiência através do uso dos aditivos. “O MAPA define aditivo como substância adicionada ao alimento com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique seu valor nutritivo…” O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define aditivo como substância intencionalmente adicionada ao alimento com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique seu valor nutritivo. O uso do produto como melhorador de desempenho animal é devidamente autorizado pelo MAPA.
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